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Atrás das grades, o ex-presidente Mohamed Morsi assistiu ao julgamento em que recebeu condenação à prisão perpétua. | Mohamed el-Shahed/AFP
Atrás das grades, o ex-presidente Mohamed Morsi assistiu ao julgamento em que recebeu condenação à prisão perpétua.| Foto: Mohamed el-Shahed/AFP

Um tribunal egípcio condenou à morte, neste sábado, seis pessoas acusadas de espionagem, incluindo dois repórteres da rede de televisão Al-Jazeera. “Os acusados colocaram o país em grande perigo, e por isso merecem nada menos do que a pena de morte”, declarou o juiz Mohamed Cherine Fahmy antes de seu veredicto. O produtor de notícias Alaa Omar Mohammed e o editor Ibrahim Mohammed Hilal foram jugados à revelia, em um processo que também envolveu o ex-presidente islamita Mohamed Morsi, condenado à prisão perpétua em sua quarta condenação em casos diferentes.

O ex-presidente, destituído em 2013 pelo exército, foi reconhecido culpado de dirigir “uma organização ilegal”, enquanto o seu movimento, a Irmandade Muçulmana, é alvo de uma repressão orquestrada pelo regime do presidente Abdel Fatah al-Sisi, acusado, por sua vez, de instaurar um governo ultra-extremista. Primeiro presidente democraticamente eleito no Egito, Mursi já foi condenado à morte, à prisão perpétua e a 20 anos de prisão em três casos distintos desde sua destituição e prisão.

Neste sábado, Morsi compareceu ante a Justiça pelo suposto “roubo de documentos da segurança nacional” e por entregá-los ao Catar, segundo a acusação. Ele foi absolvido da acusação de espionagem, mas foi condenado por ter “subtraído documentos secretos relativos à segurança do Estado” durante o seu curto mandato de um ano, entre 2012 e 2013, informou à AFP seu advogado, Abdel Moneim Abdel Maqsud. Estes documentos incluíam “relatórios altamente sensíveis sobre o exército, o envio de tropas e armas”, de acordo com os promotores.

Morsi e seu diretor de gabinete, Ahmed Abdel Atti, foram acusados de enviar esses documentos ao secretário pessoal de Mursi, Amine El-Serafi. Este último teria repassado os documentos a funcionários do canal de notícias do Catar Al-Jazeera e a um membro da inteligência catariana, através de intermediários. O Catar tem condenado com frequência, principalmente por meio da Al-Jazeera, a repressão do regime de Sisi contra os partidários de Morsi. Abdel Atti e Serafi foram condenado à prisão perpétua.

Nas semanas que se seguiram a destituição de Morsi, mais de 1,4 mil manifestantes islâmicos foram mortos. Dezenas de milhares de pessoas foram presas e centenas, condenadas à morte em julgamentos denunciados pela ONU como “sem precedentes na história recente” do mundo. “O sistema judiciário no Egito, totalmente corrompido, é agora nada mais do que uma ferramenta para a repressão das autoridades contra o que resta de oposição ou críticos”, denunciou a Anistia Internacional em um comunicado, pedindo a anulação de sentenças de morte.

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