• Carregando...
Atrasos na abertura de sessões eleitorais causaram filas; maior incidente foram assassinatos em posto de gasolina | Jorge Luis Gonzalez/Reuters
Atrasos na abertura de sessões eleitorais causaram filas; maior incidente foram assassinatos em posto de gasolina| Foto: Jorge Luis Gonzalez/Reuters

Os mexicanos foram às urnas ontem sob um forte esquema de segurança devido à violência do narcotráfico e a temores de fraudes, em eleições que definirão se o Partido Revolucionário Institucional (PRI) voltará ao governo 12 anos depois de ter perdido o poder após polêmicas administrações ao longo de sete décadas. Longas filas tinham sido formadas ao meio-dia nos centros eleitorais, que foram 142.894 em todo o país.

Se confirmadas as pesquisas, o candidato do PRI, Enrique Peña Nieto vencerá com 45% dos votos. O descontentamento de parte da população com a perspectiva de que a sigla – uma espécie de versão mexicana do politburo soviético, com passado de fraudes eleitorais – volte ao poder ficou claro no momento em que Peña Nieto votou, em Atlacomulco, sua cidade natal. Dezenas de jovens que se opõem à sua candidatura vaiavam e gritavam.

O PRI governou o México durante 71 anos (1929-2000) e foi chamado de "ditadura perfeita" pelo escritor peruano Mario Vargas Llosa. Nascido no período pós-Revolução de 1910, tem inspiração no fascismo italiano e um discurso nacionalista e estatizante. Agora, o PRI se vende como um partido renovado, que traz à sua frente um líder jovem e midiático.

Enrique Peña Nieto, de 45 anos, estudou direito e foi governador do estado do México. Com cara de galã, é casado com a atriz Angélica Rivera. É viúvo de seu primeiro casamento e tem cinco filhos.

"A ascensão de Peña Nieto e o retorno do PRI ao poder estão relacionados à decepção dos mexicanos com um projeto que não soube acabar com a desigualdade nem ofereceu uma solução para a questão do narcotráfico", disse o sociólogo John Ackerman.

O atual presidente, Felipe Calderón, é responsabilizado por não ter conseguido diminuir as diferenças sociais de um país que possui o homem mais rico do mundo, Carlos Slim, e o traficante mais procurado, "Chapo" Guzmán, líder do cartel de Sinaloa.

A política de Calderón de enfrentamento bélico ao narcotráfico aumentou o enfrentamento entre os cartéis. A consequência é um saldo de mais de 50 mil mortos.

"Podemos esperar um governo ainda mais autoritário, que adotará linha-dura com o tráfico, mas que não vai tocar na questão da legalização das drogas", diz Ackerman. A solução apresentada por Peña Nieto é unificar as polícias estaduais e aumentar o orçamento para armá-las. Seus opositores o acusam de ser produto de uma campanha da Televisa, maior conglomerado do México.

Também é apontado como responsável pelo Massacre de Atenco, quando ordenou a repressão de um protesto de trabalhadores, que resultou em duas mortes e no estupro de mais de 20 mulheres.

A eleição também renovará o Congresso, onde o PRI deve conseguir um mínimo de 46% das cadeiras.

Atrasos na abertura de mesas fizeram com que a previsão da divulgação de resultados fosse postergada para as 23h30 (1h30 de Brasília), após o fechamento desta edição.

Apesar do esquema de segurança montado, duas pessoas foram assassinadas neste domingo em um ataque a um posto de combustíveis perto de um centro eleitoral no estado de Veracruz, embora o governo da região tenha negado qualquer relação do fato com as eleições.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]