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O próximo presidente dos Estados Unidos, seja o democrata Barack Obama ou o republicano John McCain, abandonará o unilateralismo que caracterizou a política externa da era Bush. Essa é a opinião do professor Rafael Duarte Villa, especialista em relações internacionais da Universidade de São Paulo, que faz pós-doutorado como pesquisador visitante na Universidade Columbia, em Nova Iorque. Ele considera que os EUA voltarão ao "multilateralismo flexível" da era Clinton, embora se reservem o direito de uma autonomia de ação nos casos críticos.

Ele lembra que o próprio governo Bush, com a crise mundial, partiu para o diálogo e esboçou uma resposta coordenada com os governos europeus, asiáticos e latino-americanos. Villa diz que, por causa da crise econômica, existe hoje entre os norte-americanos um sentimento agudo de decepção. Por isso, novas guerras estão fora de questão, a menos que o país sofra outro grande atentado.

Por outro lado, mesmo um governo de Obama também não significará, necessariamente, a volta para casa das tropas norte-americanas, destaca o especialista.

As prioridades geopolíticas dos EUA continuarão centradas no Oriente Médio, Leste Europeu e Ásia Central, onde os EUA tentarão conter o ressurgimento dos nacionalismos locais, embora por meios pacíficos. Segundo Villa, o governo dos Estados Unidos não abandonará, mesmo em meio a um déficit gigantesco e a restrições orçamentárias, a política para o Cáucaso, a Ásia central e o Leste Europeu, que envolve gastos militares, com a instalação de bases, apoio a grupos políticos e investidas empresariais.

América Latina

A América Latina, na opinião do cientista político, continuará como secundária na política externa norte-americana. "Não há nenhum plano especial, promessa, ou política específica dos dois candidatos para a região", diz.

Ele acredita que, mesmo assim, alguns países, pela própria importância econômica e política, continuarão a ter prioridade relativa para Washington. "Brasil, Colômbia, Chile, México e a Venezuela, por diferentes razões, continuarão a ser a prioridade. Apesar das reservas de Obama, a parceria energética com o Brasil devera se aprofundar; o Plano Colômbia, em alguma outra modalidade, deverá continuar. Talvez um governo de Obama tente administrar melhor o conflito verbal com a Venezuela, porque não há opção para os EUA, o petróleo venezuelano continua a ser importante", lembra o cientista político.

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