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Soldados transportam urnas até locais de votação.  Pesquisas apontam para a necessidade de segundo turno, a ser realizado em 29 de novembro | Andres Stapff/Reuters
Soldados transportam urnas até locais de votação. Pesquisas apontam para a necessidade de segundo turno, a ser realizado em 29 de novembro| Foto: Andres Stapff/Reuters

"Blancos" fazem blitz para forçar 2.º turno

O principal partido de oposição do Uruguai, o Nacional, também chamado de partido "Blanco", encerrou sua campanha eleitoral com a expectativa de forçar um segundo turno na eleição presidencial de hoje.

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Mujica se adapta para conquistar o eleitor médio

A construção da imagem política de José "Pepe" Mujica é pouco co­­mum, pois explora seu passado como guerrilheiro, suas fugas da prisão e o fato de ter sobrevivido a nove tiros para apresentar um per­­fil heroico para os jovens. Mu­­jica, de 74 anos, é líder do "Movi­­mento de Participação Popular" e um dos candidatos presidenciais na eleição de domingo no Uru­­guai.

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  • Panorama Eleitoral – Veja o que aponta as intenções de voto

Um ex-guerrilheiro de esquerda, um ex-presidente e o filho de um ex-ditador são os personagens principais da eleição presidencial do Uruguai, com primeiro turno marcado para hoje. O primeiro e favorito é José Mujica, da situação, que suavizou seu discurso e promete continuidade em relação ao atual governo. Em se­­guida, nas pesquisas, aparece Luis Lacalle, presidente entre 1990 e 1995, do Partido Nacional (Blan­­co), de centro-direita, e visto como mais liberal. Com poucas chances está Pedro Bordaberry, filho do ex-ditador Juan M. Bordaberry, do Partido Colorado.O atual titular do posto, o oncologista Tabaré Vázquez, assumiu o poder em 2005 e termina seus cinco anos na Presidência com aprovação na casa dos 60%.O principal trunfo de Tabaré está na economia. O Uruguai so­­freu com a crise na Argentina no início dos anos 2000, mas o presidente comandou uma recuperação bem-sucedida e soube lidar com a crise internacional. Houve ainda redução na pobreza em seu governo e Tabaré já é visto como forte candidato pa­­ra um possível retorno em 2015."Deve haver uma manutenção na política, especialmente na economia", prevê o sociólogo Geró­­nimo de Sierra, da Universidade da República, de Montevidéu. "Há um acordo interno para não se mudar muito."

2º turno

As sondagens indicam que deve haver nova votação em 29 de novembro entre Mujica e Lacalle. "O mais provável é que tenhamos segundo turno, mas não se descarta uma decisão neste domingo. As margens são muito estreitas", co­­mentou o analista Eduardo Boti­­nelli, da consultoria Factum.O candidato do governo aparece com até 49% das intenções de voto, segundo as pesquisas divulgadas no decorrer da última semana. O patamar seria insuficiente para chegar aos 50% mais um e garantir uma vitória ainda em primeiro turno. As sondagens dão La­­calle com, no máximo, 39%, e na casa dos 15%, em terceiro, estaria Bordaberry.

Propostas

De origem simples e ex-ministro da Agricultura, Mujica promete gerar empregos e aprofundar programas sociais. É criticado pela oposição por supostamente representar uma esquerda retrógrada, mas se defende dizendo que seu modelo é o da linha adotada pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. Mujica foi um guerrilheiro tupamaro e esteve preso por 13 anos durante a ditadura.

Lacalle promete algumas re­­formas liberalizantes, diminuindo o papel do Estado. "Mas não com uma política liberal rígida como nos anos 90", ressalta Al­­berto Cardarello, professor de Ciên­­cia Política da Universidade da República. Já Bordaberry tenta encampar uma bandeira de renovação, notando que é o mais novo dos três candidatos, com 49 anos. Apesar disso, não parece uma ameaça aos dois favoritos.

Tanto Sierra quanto Cardarello acreditam que deve haver uma tentativa de aproximação entre o país e a Argentina. Os vizinhos man­­têm em banho-maria a chamada "guerra das papeleiras" desde o fim de 2007, pois os argentinos condenam a instalação de uma fábrica de celulose no município uruguaio de Fray Bentos, no Rio Uruguai, que divide os dois países.

Há piquetes do lado argentino, dificultando o trânsito na fronteira nesta área. A Argentina reclama que a fábrica no país vizinho é uma ameaça ambiental. "O Uru­­guai não pode ficar brigando com a Argentina indefinidamente", diz Cardarello. Mujica é visto co­­mo mais próximo do casal presidencial Cristina e Néstor Kirchner e os especialistas acreditam que ele pode melhorar a relação.

Haverá também hoje plebiscitos sobre dois temas. Um deles é sobre a validade ou não da chamada "Lei da Caducidade", que protege militares dos crimes cometidos durante a recente ditadura no país (1973-85).

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