A retumbante derrota nas eleições legislativas acendeu uma luz amarela no Partido Democrata a respeito da solidez da coalizão que elegeu duas vezes Barack Obama presidente dos EUA. Na comparação com 2012, a fatia dos votos de latinos, negros, mulheres e jovens destinados à sigla encolheu. Isso custou ao partido eleições em Colorado, Flórida, Ohio e Maryland e provocou um suadouro para manutenção da vaga no Senado pela Virgínia. O que é uma boa notícia para a oposição entrou com sinal negativo no radar da favorita democrata para 2016, Hillary Clinton.
Entre as mulheres e os negros, o apoio aos democratas caiu 4 pontos entre 2012 e 2014 e entre os jovens de 18 a 29 anos o recuo foi de 6 pontos. A maior desidratação, porém, ocorreu na comunidade hispânica, onde o partido perdeu 9 pontos dos 71% que Obama teve em 2012.
Para a cientista política Lara Brown, da George Washington University, o excesso de autoconfiança democrata desde as eleições de 2008 deixou o partido negligente com alguns de seus fiéis aliados, os latinos principalmente. A aprovação de Obama entre os hispânicos está em 52%, 20 pontos abaixo do patamar de votos destinados a ele em 2008.
Para o bem
"Quando um partido vence eleições, tende a achar que não precisa mudar nada. E aí é que sua coalizão começa a ruir. Mas, quando um partido perde, ele gasta muito tempo analisando onde errou e o que precisa fazer. Ter perdido este ano pode recolocar os democratas na rota da vitória em 2016", avalia Brown.
Imigrantes
No caso dos latinos, a evidente frustração com Obama reside na paralisia da reforma da imigração. Após a derrota, Obama prometeu para até o fim do ano um agressivo pacote de medidas executivas, que dispensam aval parlamentar, para modernizar o sistema imigratório. Os democratas confiam nesta ofensiva para reanimar os latinos. Isso é importante no momento em que surgem presidenciáveis possíveis do lado republicano, como Mitt Romney, Jeb Bush e Chris Christie.
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