As 15 páginas de anotações e emails relatam reuniões e conversas de Comey com Trump, narradas e datadas pelo então diretor do FBI| Foto: Joshua Roberts/Bloomberg

O Departamento de Justiça americano entregou ao Congresso nesta quinta-feira (19) memorandos do ex-diretor do FBI, James Comey, sobre seu relacionamento com o presidente Donald Trump.  

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O material não traz revelações que já não tenham vindo a público em depoimento de Comey aos congressistas, ou no livro recém-lançado pelo investigador, que foi demitido por Trump no ano passado.

Mas os documentos são considerados uma parte fundamental da investigação sobre uma eventual obstrução de justiça por Trump, e devem provocar um frisson político nos EUA.  

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As 15 páginas de anotações e emails relatam reuniões e conversas de Comey com Trump, narradas e datadas pelo então diretor do FBI, que foi indicado para o cargo pelo ex-presidente Barack Obama em 2013.  

Na maioria delas, o presidente se queixa da investigação em curso no órgão sobre a interferência russa nas eleições americanas de 2016 -na qual ele nega envolvimento.

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"Eles ficam trazendo a Rússia à tona como uma desculpa por terem perdido a eleição", disse o presidente, segundo uma das anotações, de abril do ano passado.  

Comey liderava a investigação sobre a Rússia antes de ser demitido por Trump. Num jantar na Casa Branca, pouco depois da posse, Trump pediu a ele "lealdade" por diversas vezes, segundo as anotações do ex-diretor, e se queixou das investigações do órgão.  

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‘Lealdade’

"Ele disse que queria lealdade e esperava lealdade. Eu não respondi, nem balancei a cabeça ou mudei minha expressão facial", anotou Comey.  

No final do encontro, o presidente convidou o então diretor do FBI para que voltasse à Casa Branca com a família, para jantar. Comey disse ter ficado em silêncio. "Ou para um tour, o que achar apropriado", teria respondido o republicano.  

Os relatos também falam do dossiê contra Trump pago pela campanha de Hillary Clinton, que era parte do inquérito do FBI.  

Algumas informações do material eram falsas ou jamais foram confirmadas, como a de que Trump saiu com prostitutas russas.  

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"Pode imaginar, prostitutas? Eu tenho uma linda esposa. E isso tem sido muito doloroso", disse o presidente, segundo Comey. "Isso é fake news [notícia falsa]." 

Em outras ocasiões, Trump reclamou das acusações de assédio sexual contra ele, dizendo que eram mentirosas.  

Trump tem rebatido furiosamente as revelações de Comey: pelas redes sociais, afirmou que teve "a honra de demiti-lo", e o chamou de "gosmento, fraco e mentiroso".  

O presidente nega envolvimento com agentes russos nas eleições e diz que a investigação do FBI é uma caça às bruxas.  

Os documentos foram entregues pelo Departamento de Justiça ao Congresso a pedido de três comissões que também apuram a influência russa nas eleições americanas.

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