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Bonn – A Alemanha vai às urnas no próximo domingo, dia 18, marcada por problemas que geralmente não são associados à terceira maior economia do mundo. O desemprego – 5 milhões de pessoas estão sem trabalho – é o maior desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O país tem um alto déficit público que nem a venda de empresas estatais conseguiu resolver. E a cesta de benefícios sociais – financiamento de saúde, educação e seguro-desemprego –, uma das mais completas da Europa, está sendo reduzida a cada ano. Neste cenário, emerge a figura conservadora de Angela Merkel (CDU), tida como discípula de Helmut Kohl, que governou a Alemanha por 16 anos, como favorita.

Merkel, que pode ser a primeira mulher a administrar o país, tem usado a bandeira da geração de empregos como sua principal arma de campanha. A estratégia "linha-dura" da candidata tem gerado resultados: mesmo na Alemanha Oriental, onde a rejeição a ela é grande, Angela é apontada como a pessoa mais competente para implantar uma política de geração de empregos, caso seja eleita, segundo a imprensa alemã. Para incentivar a criação de vagas, a candidata diz que é preciso baratear as contratações, reduzindo encargos trabalhistas. Além destas metas, Merkel pretende também reduzir gastos sociais e promover uma reforma previdenciária no país.

Mas, no fim das contas, as políticas propostas por Angela Merkel não se diferem tanto das que vinham sendo praticadas por Gerhard Schröder, de tendências mais liberais. Nos últimos anos, o chanceler alemão – que concorre à reeleição – cortou benefícios sociais (o seguro-desemprego, por exemplo, ficou mais curto) e uma série de regalias antes concedidas ao povo alemão (entre elas, a concessão gratuita de óculos e palmilhas ortopédicas). Ao contrário de Merkel, Schröder tem a seu favor uma imagem simpática, que sobreviveu aos sete anos em que ficou à frente do governo. Caso conquiste os votos dos indecisos, o chanceler ainda tem chances de vencer a eleição.

Os outros candidatos concorrem sem chances de vitória. Entretanto, os votos angariados na próxima semana podem servir de instrumento de negociação com os partidos de Merkel ou Schröder – respectivamente, o CSU e o SPD. Na Alemanha Oriental, a região mais pobre do país e também onde os eleitores apresentam maior ceticismo às propostas dos principais candidatos, crescem os partidos de esquerda, bem como o sentimento de que o comunismo não é uma má idéia. A revista Der Spiegel mostrou que 73% dos moradores do Leste alemão consideram o socialismo, em tese, uma boa idéia. A tendência ajudaria Gerhard Schröder.

O sistema eleitoral da Alemanha é cheio de especificidades. Apesar de votarem duas vezes, os alemães não elegem o chanceler diretamente (leia quadro). Além disso, a desconfiança do país com as urnas eletrônicas faz com que, na maioria das regiões, a velha cédula de papel ainda seja a protagonista da corrida eleitoral. Segundo fabricantes de urnas eletrônicas, as empresas de informática tiveram dificuldades em colocar em prática as 100 páginas de exigências impostas pelo sistema eleitoral.

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