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Davos, Suíça (AE) – Os principais negociadores da Rodada de Doha tentarão traçar, hoje, um roteiro para concluir até abril as grandes linhas do maior acordo comercial realizado até ontem, que envolverá cerca de 150 países e pela primeira vez dará à agricultura um tratamento similar ao da indústria. Participarão da miniconferência ministerial, num grande hotel de Davos, ministros dos Estados Unidos, União Européia, Brasil, Índia e de mais uma vintena de países. Eles terão três meses para definir as bases de um acordo tanto para o agronegócio quanto para a indústria. Se conseguirem, terão uma boa chance de completar o trabalho até o fim deste ano.

Nesse curto período, os negociadores terão de resolver várias pendências importantes. O comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, continua a cobrar do Brasil e de outras economias em desenvolvimento uma oferta de redução de tarifas para produtos industriais. Ontem, depois de uma reunião fechada com o chanceler brasileiro, Celso Amorim, Mandelson disse que espera não uma nova oferta, mas "a primeira" oferta brasileira. Segundo o ministro Amorim, a oferta foi feita no fim do ano passado, embora não por escrito.

Os dois encontraram-se de novo, poucas horas depois, numa reunião do Grupo dos 6 - Estados Unidos, União Européia, Brasil, Índia, Japão e Austrália. Na saída, Mandelson disse que o encontro havia sido bom, mas ainda será preciso, nos próximos meses, um grande trabalho sobre os números relativos a acesso a mercados. Esse comentário meio cifrado envolve mais uma divergência importante. O negociador brasileiro prefere uma fórmula geral para a redução de tarifas agrícolas. O europeu defende uma discussão produto a produto, com a fixação de um número para cada um.

Essa questão, aparentemente bizantina para a maior parte das pessoas, pode envolver centenas de milhões de dólares de ganhos ou perdas. Os europeus já estão reformando sua política agrícola, terão de cortar subsídios e isso mudará as condições de oferta de produtos importantes, como a carne. Daí, segundo Amorim, o interesse da União Européia de reavaliar produto a produto as novas condições de mercado para fixar regras específicas

A reunião de hoje deve servir essencialmente para a discussão de datas e processos, segundo os ministros que têm falado à imprensa. Eles deverão combinar uma nova miniconferência ministerial sobre o assunto para março.

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