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Bush critica nacionalização

Washington – O presidente americano, George W. Bush, se disse ontem "preocupado" com a situação da democracia na Venezuela e com as nacionalizações que pretende ordenar seu colega venezuelano Hugo Chávez. "Estou preocupado com os venezuelanos, com a perda de poder das instituições democráticas, e com as possíveis nacionalizações", declarou Bush, depois de o Congresso venezuelano ter concedido por unanimidade "poderes especiais" ao presidente Chávez.

"Na minha opinião, a maior ameaça é a perda de poder das instituições democráticas. A democracia e suas instituições são garantias de paz e de esperança", acrescentou Bush, cujo país mantém relações tensas com Caracas. Bush também expressou preocupação com o anúncio de Chávez de nacionalizar os setores da energia e das telecomunicações, destacando que ainda se trata de uma hipótese. "Minha preocupação é que a nacionalização da indústria faça com que seja mais difícil para os venezuelanos sair da pobreza", frisou.

A Venezuela é o quarto maior exportador de petróleo para os EUA. A Casa Branca diz que qualquer empresa afetada por uma nacionalização merece ser justamente indenizada.

Caracas – A Assembléia Nacional venezuelana sancionou ontem a lei que dá ao presidente Hugo Chávez poderes extraordinários para governar por decreto durante 18 meses. A chamada Lei Habilitante ("a mãe de todas as leis revolucionárias", segundo Chávez) foi aprovada por unanimidade em uma sessão especial, que durou três horas e meia, realizada em frente à sede do Legislativo – o que já era esperado uma vez que todos os 167 parlamentares fazem parte da base de apoio ao presidente.

"Está sancionada a lei que vai permitir ao mandatário emitir decretos com abrangência, valor e força de lei", disse a presidente da Assembléia, Cilia Flores, em meio aos aplausos de 500 simpatizantes do presidente. "Viva Chávez e viva o socialismo", exclamou.

Chávez não participou da sessão, mas foi representado pelo vice-presidente, Jorge Rodríguez. Ele rejeitou com ironia as acusações da oposição venezuelana, segundo a qual a Habilitante levará a uma concentração de poder excessiva nas mãos do presidente – dando ao regime venezuelano contornos de uma ditadura. "Claro que queremos instaurar uma ditadura na Venezuela – a democracia é a ditadura de todos. Juntos construiremos um país diferente", disse Rodríguez.

O texto aprovado pela Assembléia permite ao presidente impor decretos em onze áreas, que abrangem praticamente todos os âmbitos da vida pública na Venezuela. Ele poderá, por exemplo, mudar a configuração e a função das instituições do Estado, fazer qualquer tipo de lei na área econômica e alterar a divisão territorial do país.

"Na prática, o Legislativo venezuelano transfere para presidente o poder para fazer leis, que lhe foi outorgado pelo povo", disse o cientista político Oscar Reyes, da Universidade Católica Andres Bello. "Não sei o que os parlamentares vão fazer agora que perderam a função - o melhor seria que abrissem logo mão de seu salário e ficassem em casa".

Chávez já utilizou esse dispositivo legal em outras ocasiões. Em 1999, sem o apoio do Legislativo, ele só conseguiu aprovar uma mudança na lei do imposto de renda. Em 2001, quando já tinha maioria na Casa, uma Habilitante com a vigência de 12 meses lhe permitiu aprovar 49 leis, como a polêmica Lei de Terras e a Lei dos Hidrocarbonetos. A nova Habilitante é mais polêmica por ser mais abrangente e ter um período de vigência mais longa.

Com ela, Chávez promete fazer uma série de reformas para implantar na Venezuela o "socialismo do século 21", como a estatização dos setores de energia e telefonia.

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