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| Foto: ERIC VIDAL/REUTERS

A visita da chanceler alemã, Angela Merkel, reforça o caráter estratégico do relacionamento com o Brasil, além de indicar a confiança dos alemães no “êxito do governo” da presidente Dilma Rousseff. A avaliação é do diretor do departamento da Europa no Itamaraty, Oswaldo Biato Júnior, que também destacou o longo histórico de parceria entre Brasil e Alemanha.

“Se eles não acreditassem no êxito do governo, não estariam vindo. Teriam adiado, cancelado meses atrás. Isso demonstra que, apesar dos problemas, o Brasil é um parceiro muito importante, economicamente e também politicamente”, afirmou nesta terça-feira (18), em coletiva de imprensa.

“Os alemães conhecem bem o Brasil, há empresas que estão aqui há mais de 100 anos. E já houve crises no passado, nos anos 80, [no período de governo do ex-presidente] Collor. Não são marinheiros de primeira viagem”, completou.

Merkel desembarca no Brasil acompanhada de 12 ministros e vice-ministros alemães (ao todo, o Executivo do país europeu possui 20 ministérios). A agenda de trabalho, concentrada em apenas um dia, prevê a assinatura de cerca de 12 acordos, na próxima quinta-feira (20). Após as atividades, todos retornam à Alemanha, sem passagens por outros países da América Latina.

Apesar de ambos os países enfrentarem dificuldades em temas internos, o embaixador prevê um resultado positivo do encontro. Na Alemanha, o Parlamento vota nesta quarta-feira (19) o apoio ao resgate de -86 bilhões de euros à Grécia- o resultado pode indicar um racha entre apoiadores da chanceler alemã. No Brasil, o cenário de crise econômica e desgaste do Planalto com o Congresso são motivo de atenção constante do Executivo.

“O fato favorável é que o Brasil é um grande mercado. Neste momento as coisas estão um pouco difíceis, mas os alemães têm capacidade de olhar um pouco para frente ver que, até agora, só ganharam aqui no Brasil”, disse o diplomata em referência à presença de empresas alemãs no país.

Acordos

Segundo Oswaldo Biato Júnior, os acordos que serão assinados não tratam de “grandes anúncios de investimentos”, mas nem por isso perdem relevância. Está prevista a assinatura de declarações e memorandos de entendimento em áreas como cooperação educacional, meio ambiente e tecnologia.

Há previsão, por exemplo, de anúncio de cooperação em pesquisas marítimas, na área de infraestrutura de qualidade -para melhoria do padrão de construção de pontes e estradas, por exemplo- e atração de investimentos alemães em logística.

“Não são grandes valores por enquanto. Pode ser que no futuro, como resultado dessa visita, haja um aumento nos volumes de cooperação, mas por enquanto são valores ainda relativamente baixos”, afirmou.

Reforma da ONU

O tema da reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas deve ser abordado em encontro entre a presidente Dilma Rousseff e a chanceler alemã. A ampliação do grupo é uma das pautas recorrentes do Brasil em sua política externa.

“Uma das nossas pretensões é que no ano de aniversário dos 70 anos [da ONU, celebrado este ano], alguma coisa pudesse sair, algum tipo de progresso”, afirmou o diretor. Ele reconheceu, no entanto, que a tarefa não é fácil.

“É muito difícil porque muitos países dizem apoiar, mas, na prática, não apoiam. Certamente [o tema] vai ser tocado entre as mandatárias e vamos reafirmar o nosso compromisso”, disse.

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