• Carregando...
coronavírus equador mortes
Mulher usando máscara e luvas descartáveis chora enquanto aguarda o cadáver de um parente diante de um hospital em Guayaquil, Equador, em 1º de abril de 2020| Foto: Enrique Ortiz/AFP

Uma cidade no Equador já soma mais mortos por Covid-19 do que países como Colômbia, Peru, Chile e Argentina. Guayquil, centro financeiro do pequeno país sul-americano, com pouco mais de 2 milhões de habitantes, agora é o epicentro da epidemia do novo coronavírus no Equador.

Até a manhã da quarta-feira (1º), Guayaquil tinha 1.301 casos confirmados da doença, ou seja, 47,4% do número total de casos registrados em todo o país até esse dia. Das 93 mortes registradas no país, 60 aconteceram na cidade.

Porém, imagens que estão circulando nas redes sociais nos últimos dias indicam que o total de vítimas da epidemia na cidade pode ser bem maior do que anunciam as autoridades.

Fotos mostram corpos envoltos em panos em calçadas, vídeos mostram protestos de moradores que exigiam que os corpos de seus familiares, já em decomposição, fossem levados pela polícia. A imprensa equatoriana também relata vários casos como estes.

Autoridades locais afirmam que as mortes por coronavírus causaram o colapso do sistema funerário na cidade, e que nem todos os falecidos que aparecem nas imagens são vítimas da doença respiratória. Há relatos de pessoas que morreram devido a quedas ou infartos, para citar dois exemplos. Por outro lado, parentes das vítimas afirmam que testes de Covid-19 não estão sendo realizados.

"Eles nunca o testaram para o coronavírus, apenas nos disseram que poderiam agendar uma consulta e que ele tomaria paracetamol. Tivemos que remover o corpo por meio de particulares porque não recebemos resposta do Estado", disse uma jovem de Guayaquil à BBC Mundo.

Colapso do sistema funerário

Caixões são transportados para um cemitério em caminhonetes, em Guayaquil, Equador, em 1º de abril de 2020| Foto: Marcos Pin
Caixões são transportados para um cemitério em caminhonetes, em Guayaquil, Equador, em 1º de abril de 2020| Foto: Marcos Pin| AFP

No início da semana, uma força-tarefa, que conta com apoio dos militares, da polícia e da comissão de trânsito, foi criada para recolher os corpos e facilitar a conclusão dos procedimentos sem que as pessoas saiam às ruas para entregar documentos de óbito.

Jorge Wated, presidente do BanEcuador e designado para fornecer uma solução para os enterros, disse que de segunda até quarta-feira, 150 corpos haviam sido recolhidos das casas e que 2.000 jazigos foram criados no cemitério Parque de la Paz.

Segundo Wated, a presença de cadáveres nas casas "está relacionada à pouca capacidade que as funerárias da cidade têm para prestar seus serviços funerários em conexão com os cemitérios de Guayaquil".

O toque de recolher instaurado no país também dificulta os procedimentos funerários, segundo apontou a Univisión. Desde 25 de março, pessoas que circulam entre as 14h e as 5h podem receber multa de US$ 100 (cerca de R$ 519), na primeira vez, ou US$ 400 (cerca de R$ 2.077), se forem reincidentes.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]