Uma equipe de cientistas britânicos embarcou na segunda-feira em direção ao local onde há um grande pedaço da crosta terrestre faltando, sob o oceano Atlântico, para tentar identificar a causa do fenômeno, que põe em xeque as idéias tradicionais sobre o planeta.

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A equipe de 20 pessoas pretende examinar uma área que fica a uma profundidade de entre 3.000 e 4.000 metros, onde o manto - camada interna da Terra que normalmente fica coberta por uma crosta de quilômetros de espessura - está exposto no fundo do mar.

Especialistas descrevem o buraco, ao longo da dorsal meso-atlântica, como uma ``ferida aberta'' no fundo do mar, que vem intrigando os cientistas desde sua descoberta, há cerca de cinco anos, porque ele desafia as teorias da evolução baseadas nas placas tectônicas.

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``Sabemos pouquíssimo sobre isso'', disse Bramley Murton, pesquisador do Centro Nacional de Oceanografia de Southampton.

``É um grande desafio para nosso entendimento consagrado da superfície do planeta sob as ondas'', disse ele à Reuters por telefone desde o novíssimo navio de pesquisa britânico RRS James Cook.

Dorsais meso-oceânicas são locais onde a crosta oceânica nasce, e onde a lava efervescente é expulsa no assoalho do oceano. O que os cientistas querem saber é se a crosta foi arrancada por enormes falhas geológicas ou se ela nem chegou a se desenvolver.

A motivação principal do projeto é compreender como a Terra continua evoluindo. ``A área que estamos observando faz parte de uma cordilheira de milhares de quilômetros quadrados, mas estamos começando a perceber que há provavelmente milhões de quilômetros quadrados em que não há assoalho oceânico'', disse Murton.

A missão durará seis semanas e é liderada pelo geofísico Roger Searle, da Universidade de Durham, e Chris MacLeod, da Escola de Ciências da Terra, Oceânicas e Planetárias da Universidade de Cardiff. Ela recolherá amostras de rocha perfurando o manto.

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Questionado se a descoberta representa uma ameaça ao meio ambiente, Murton respondeu: ``Não é problemático para a Terra porque é um processo natural do planeta - mas em termos de saber como a Terra funciona e como o mundo está organizado, é importante.''

Murton disse que a expedição também vai coletar dados sobre a composição da água do mar, entre outras iniciativas.

A formação da crosta é um mecanismo fundamental da Terra que afeta a química dos oceanos do mundo. Os progressos feitos pela equipe podem ser acompanhados pela internet no endereço: http://www.noc.soton.ac.uk/gg/classroom@sea/index.html.