O presidente eleito Tayyip Erdogan (à esq.) e o ex- presidente Abdullah Gul durante a cerimônia de posse em Ancara| Foto: Umit Bektas / Reuters

Após 11 anos como primeiro-ministro da Turquia, o conservador-islâmico Recep Tayyip Erdogan iniciou oficialmente nesta quinta-feira (28) seu primeiro mandato de cinco anos como presidente do país.

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Duas semanas depois de sua vitória no primeiro turno das eleições, Erdogan, 60 anos, sucede seu correligionário Abdullah Gul no cargo. Mesmo com acusações de corrupção e de governar de forma autoritária e após uma polêmica por ter tentado bloquear o acesso ao Twitter e ao YouTube, Erdogan teve 52% dos votos.

O novo presidente turco escolheu um de seus fiéis aliados para substituí-lo à frente da chefia do governo, o chanceler Ahmet Davutoglu.

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Participaram da posse cerca de 15 chefes de Estado, quase todos de países vizinhos ou culturalmente próximos à Turquia, como os presidentes de Bulgária, Macedônia, Albânia, Cazaquistão e Turcomenistão, entre outros.

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, cancelou a viagem em consequência da "rápida deterioração da situação" no leste da Ucrânia, onde os separatistas pró-Rússia assumiram o controle de várias cidades.

Dirigentes de países ocidentais, aliados da Turquia dentro da Otan, enviaram apenas representantes, o que pode ser visto como sinal da crescente desconfiança que o novo presidente e sua vocação islamita e autoritária provocam. No caso dos EUA, apenas o encarregado de negócios de sua Embaixada em Ancara foi à cerimônia.

Constituição

"Como presidente, juro que vou defender a independência do Estado, sua unidade, e vou ser fiel aos princípios laicos da Constituição", leu Erdogan em sua posse.

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Após o juramento, tal como pede o protocolo, ele se dirigiu ao Mausoléu de Mustafa Kemal "Atatürk" para homenagear ao fundador e primeiro presidente da Turquia moderna.

Erdogan afirmou que quer implantar um sistema presidencialista com amplos poderes para o chefe do Estado - o que depende de mudanças constitucionais que requerem dois terços de apoio parlamentar, fora do alcance da atual maioria absoluta do partido islamita governamental.

Ainda assim, o veterano político não escondeu sua ambição de estar no poder pelo menos até o ano de 2023, quando se completa um século da fundação da moderna república turca laica.

Os deputados da maior legenda opositora turca, o Partido Republicano do Povo (CHP), abandonaram a cerimônia no Parlamento por considerarem que Erdogan violou a Carta Magna.

Segundo repetiu o líder do CHP, Kemal Kilicdaroglu, Erdogan deveria ter deixado seu cargo de primeiro-ministro e a liderança de seu partido logo após a eleição.

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"Estamos mais preocupados do que nunca com esse governo de um homem só", afirmou o deputado Aykan Erdemir, também do CHP.

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