O escritor peruano Mario Vargas Llosa renunciou ontem à presidência da comissão encarregada da execução de um Museu da Memória no país. O motivo é que o escritor não estava de acordo com a decisão do governo de promulgar um decreto que, segundo ativistas, favorecerá violadores dos direitos humanos.

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Após a renúncia "irrevogável" do intelectual, o Executivo peruano apresentou um projeto de lei para acabar com o decreto legislativo 1097, alvo da polêmica. Expedido em 1º de setembro, o texto estabelece que são prescritíveis os crimes contra a humanidade cometidos antes de 2003. Segundo Vargas Llosa, essa norma é uma "anistia apenas disfarçada".

Vargas Llosa disse ainda que a anistia acabava beneficiando várias pessoas vinculadas à ditadura do governo de Alberto Fujimori, entre 1990 e 2000. O escritor notou que entre os beneficiados estaria o próprio ex-ditador e seu braço direito, Vladimiro Montesinos.

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O autor de Conversa na Catedral foi nomeado presidente da Comissão Encarregada do Lugar da Memória, cujo propósito é pôr em marcha o projeto da construção de um museu e um local para se recordar os anos de violência política no Peru entre 1980 e 2000 que mataram quase 70 mil pessoas, segundo a Comissão de Verdade e Reconciliação.

Várias críticas ao projeto foram feitas, obrigando o Executivo a recuar e enviar um projeto ao Congresso para derrubar a norma. No domingo, o presidente Alan García disse que não se oporia, caso o Legislativo quisesse derrubar o texto.

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