Durante encontro com a chanceler Angela Merkel, Medvedev criticou o acordo entre EUA e Polônia, afirmando que a ``instalação de forças antimísseis tem como alvo a Federação Russa´´| Foto: RIA Novosti/Kremlin/Pool/Vladimir Rodionov / Reuters

O presidente russo, Dmitry Medvedev, disse nesta sexta-feira (15) que o acordo firmado pelos EUA com a Polônia para instalar ali parte de um sistema de defesa antimíssil mostra que o escudo volta-se, na verdade, contra a Rússia.

CARREGANDO :)

A Polônia aceitou, nesta quinta-feira, receber instalações do sistema norte-americano contra mísseis depois de o governo dos EUA haver concordado em melhorar o aparato de defesa aérea dos poloneses.

"Essa decisão comprova claramente tudo o que dissemos há pouco tempo", afirmou Medvedev ao ser questionado sobre o acordo em uma entrevista coletiva realizada ao lado da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, em Sochi, uma cidade portuária do mar Negro.

Publicidade

"A instalação de forças antimíssil tem como alvo a Federação Russa", disse o presidente russo.

A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, em declarações dadas ao lado do presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili, em Tbilisi, contra-atacou afirmando que os EUA haviam tentado mostrar a Moscou que o escudo não tinha por alvo a Rússia.

O embate entre norte-americanos e russos a respeito do escudo antimíssil aparece em meio à crise internacional surgida em torno da Geórgia, um aliado dos EUA que pretende ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Soldados russos expulsaram forças georgianas que tentaram retomar o controle sobre a região separatista da Ossétia do Sul, pró-Rússia.

Na sequência, militares russos ingressaram em várias cidades do restante do território georgiano, provocando a ira dos EUA - algumas autoridades norte-americanas de primeiro escalão invocaram a memória da ocupação soviética no Leste Europeu, ocorrida durante a Guerra Fria.

Publicidade

O governo dos EUA diz que o sistema antimíssil visa proteger os EUA e seus aliados dos mísseis de longo alcance que poderiam, no futuro, ser disparados pelo Irã ou por grupos como a Al Qaeda.

O governo russo argumenta que o sistema dirige-se contra a Rússia e que mina a segurança dela. Generais russos, no entanto, vangloriam-se de que o escudo nunca seria capaz de deter o gigantesco arsenal de mísseis da Rússia.

Em um sinal de descontentamento da parte dos russos, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, cancelou na quinta-feira uma viagem que faria a Varsóvia, em setembro, disseram diplomatas poloneses.

"O momento foi escolhido a dedo e, portanto, quaisquer contos de fada sobre dissuadir a ação de Estados inamistosos com a ajuda desse sistema antimíssil não funcionam mais", afirmou Medvedev.

"Isso é triste para a Europa e para todo mundo que vive nesse continente densamente povoado. Mas isso não é dramático", acrescentou. "Vamos continuar a trabalhar sobre essa questão e estamos prontos para dar prosseguimento às negociações ao lado de todos os participantes. Claramente, porém, essa decisão não instilará nenhum sentimento de calma".

Publicidade

Ainda neste ano, a Rússia havia dito que lançaria mão de "instrumentos militares" não especificados caso os EUA instalassem um escudo de defesa antimíssil perto das fronteiras dela.

Veja também
  • Human Rights acusa Rússia de usar bombas de cacho
  • Bush acusa Rússia de "intimidar" Geórgia
  • EUA exigem que Rússia saia da Geórgia imediatamente
  • Presidente da Geórgia assina acordo de cessar-fogo com a Rússia
  • Geórgia assina acordo de paz; Ocidente critica Rússia