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Forças do Marrocos e da Espanha repeliram nesta quinta-feira uma nova invasão de cerca de 1.500 emigrantes africanos no enclave espanhol de Melilla, no norte da África, segundo a polícia.

Vários emigrantes e policiais ficaram feridos. Foi a terceira tentativa em uma semana de invasão. Desta vez, porém, os imigrantes não conseguiram superar a cerca de arame farpado da fronteira, segundo um porta-voz policial.

- Houve um ataque que foi repelido por forças marroquinas e espanholas. Ninguém entrou - disse o porta-voz.

Horas antes do incidente, a Espanha anunciou medidas extraordinárias para impedir que os emigrantes - a maioria do oeste da África - invadissem Melilla e o outro enclave espanhol, Ceuta. Essas duas cidades encravadas no Marrocos são vistas pelos emigrantes como um portal de acesso às riquezas da Europa.

A Espanha disse na quarta-feira que vai evocar pela primeira vez um acordo de 1992 com o Marrocos que lhe permite devolver ao território marroquino os africanos subsaarianos que tenham conseguido entrar em Ceuta e Melilla. Pelo acordo, a Espanha pode pedir que o Marrocos readmita os imigrantes, mesmo que eles não sejam marroquinos.

A vice-primeira-ministra, María Teresa Fernández de la Vega, disse que alguns imigrantes podem ser devolvidos ao Marrocos já nesta quinta-feira. Muitos deles são de países com os quais a Espanha não mantém acordos de repatriação, e por isso não podem ser enviados para casa.

Cerca de 500 migrantes desafiaram as cercas de arame farpado em torno de Melilla na quarta-feira, e muitos dos 65 que passaram ficaram feridos.

Cinco morreram na semana passada em uma tentativa semelhante em Ceuta. A imprensa disse que eles foram baleados, mas não se sabe por quem.

- A gente não tem medo, porque na África não tem nada. É só ficar pensando que você está entrando na Espanha - disse Keta, malinês de 24 anos que chegou na quarta-feira. Suas mãos estavam arranhadas e sua calça jeans ficou rasgada e manchada de sangue quando ele pulou a cerca.

A agência marroquina de notícias MAP disse que as autoridades de Nador, perto de Melilla, prenderam 85 subsaarianos na quarta-feira. Outros 134 já haviam sido presos na terça-feira.

Cerca de 1.600 migrantes lotam um campo da Cruz Vermelha em Melilla, que tem espaço para 500.

Alguns emigrantes tentaram repetidamente cruzar a fronteira. Um marfinense disse que deixou seu país em 2003 e desde então já foi apanhado pelas autoridades marroquinas e jogado na Argélia quatro vezes. Após uma caminhada de cinco dias, ele sempre volta.

Aguardando uma oportunidade de saltar a barreira, centenas de emigrantes vivem na mata que fica no lado marroquino da fronteira de dez quilômetros. Para cruzar a cerca, eles constróem escadas improvisadas com as árvores.

A Espanha domina Ceuta e Melilla desde o século 15, mas o Marrocos reivindica os dois territórios às margens do Mediterrâneo.

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