Lanchonete improvisada em Vedado, bairro de Havana onde os pequenos negócios não estatais se multiplicam| Foto: Célio Martins/Gazeta do Povo
Salão de beleza em rua de Havana Velha
Palacete em Havana, construído antes da da revolução de 1959. Casas como essa podem ser compradas hoje, mas os preços estão altos, chegam a R$ 500 mil
Produtos importados à venda em centro comercial de Miramar, bairro que concentra estrangeiros em Havana
Mercadinho em Havana
Fila para comprar comida e sorvetes em lanchonete aberta em Havana
Feira em Havana Velha
Comércio de roupas e bijuterias improvisado em Havana
Angel e esposa em pizzaria aberta após a autorização do governo para pequenos negócios
Rafaela Duarte e seu sobrinho, Damian, aproveitaram o vento das mudanças e abriram uma lanchonete em Vedado, bairro de Havana
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As medidas econômicas implantadas em Cuba nos últimos dois anos provocaram uma mudança radical na vida de muitos cubanos. Hoje é possível vender e comprar casas e carros, abrir pequenos negócios e trabalhar para o setor privado. O realinhamento, como batizou o governo, reaqueceu a economia, mas trouxe um dilema à maioria da população, que tem o setor estatal como principal empregador [82%] e teme perder seus benefícios sociais.

INFOGRÁFICO: Veja a comparação da economia de Cuba com outros países

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Veja fotos do comércio em Havana

O governo implantou uma segunda moeda, o peso conversível [sigla CUC], para mediar os negócios privados e internacionais. Um CUC equivale a US$ 1, ou 25 pesos cubanos, a moeda antiga, usada para o pagamento dos salários de todos os empregados do setor estatal.

Os pequenos negócios, como restaurantes, cafeterias, salões de beleza e lojas de roupas pipocam em cada rua de Havana e outras cidades; há formação de novas cooperativas e o mercado de venda de imóveis e carros – até pela internet – anda aquecido.

A esse cenário de abertura econômica se contrapõe o surgimento das disparidades sociais, antes duramente combatidas pelo regime comunista. Para quem entrou para o setor estatal e está conseguindo sucesso, os ganhos são incomparáveis com os da maioria da população.

O salário médio de Cuba não passa de R$ 50. Um médico ganha, em média, R$ 60 por mês e um trabalhador braçal, como pintor de parede e pedreiro, recebe pouco mais de R$ 30. Em compensação, quem está no setor não estatal, como taxistas que atendem turistas, chegam a ganhar líquido R$ 40 por dia. Mas nem todos estão comemorando.

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Rafaela Duarte e seu sobrinho Damian Duarte são exemplo desse novo setor da economia. Eles abriram uma lanchonete, onde vendem suco, pizza, espaguete e sanduíche. Faturam 500 pesos [R$ 40] por dia e gastam 200 pesos [R$ 17] diários em aluguel e taxas para o governo.

"Tivemos de comprar equipamentos e precisamos vender mais para pagar", reclama Rafaela.

Para compensar os salários socializados no setor estatal, o governo mantém a mundialmente conhecida "libreta", com a qual cada família pode retirar dos centros de abastecimento do Estado uma cota de alimentos, gás e produtos de higiene. Também há subsídio para água, energia elétrica, transporte público, esportes, lazer e cultura.

Colapso

A queda da União Soviética nos anos 80 levou a economia cubana ao colapso. O Produto Interno Bruto (PIB) caiu mais de um terço [35,8%] em apenas três anos.

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Na última década, a aproximação com Venezuela, China, Brasil e outros países latino-americanos ajudou na recuperação. O Produto Interno Bruto (PIB) da ilha cresceu 3,1% em 2012. Mas os problemas são gigantescos. Baixa produtividade, maquinários obsoletos e falta de financiamento externo são alguns deles.