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Brasileiro

Analista alemão aposta em dom Odilo Scherer para ser novo pontífice

Agência O Globo

Jornalista alemão, correspondente há 25 anos no Vaticano e autor de O Homem Que Não Queria Ser Papa, Andreas Englisch aposta no cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, para suceder o papa Bento XVI.

"Dom Odilo Scherer é o favorito na América, tem boas chances. O Brasil é o maior país católico do mundo e está passando por um grande problema, que é a perda de católicos. Um papa brasileiro poderia reconquistar fiéis de toda a América Latina, o que seria muito importante", diz Englisch. "Scherer é novo, fala várias línguas e é considerado um nome limpo em Roma."

Porém, o analista não descarta a possibilidade de os cardeais italianos tentarem recuperar o Trono de Pedro e vê Angelo Scola como um nome possível. "Mas não acredito que os italianos sairão vitoriosos. Há muitas pessoas no resto do mundo que desejam globalizar a Igreja e não querem um papa italiano", diz.

Falsidade

Homem se veste de bispo para invadir a reunião cardinalícia

Agência Estado

A Guarda Suíça retirou ontem do Vaticano um falso bispo que tentava participar da reunião, a portas fechadas, que prepara o conclave para a escolha do novo papa. Segundo o jornal português O Público, o nome verdadeiro do "bispo" é Ralph Napierski e ele teria dito aos jornalistas que se chamava "Basilius" e que pertencia à "Igreja Ortodoxa italiana", que não existe. Napierski usava um lenço rosa em volta da cintura muito semelhante às faixas dos cardeais e apertou as mãos e conversou com vários padres e cardeais na chegada ao local da reunião. Antes de ser desmascarado, ele disse em entrevista que os bispos católicos "se enganaram" ao trocar padres acusados de pedofilia de diferentes paróquias.

No seu blog, Napierski afirma ser o fundador da Corpus Dei católica além de divulgar um tipo de meditação chamado "Jesus Ioga".

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse desconhecer a presença de "falsos cardeais" na congregação.

12 cardeais

estavam ausentes ontem na primeira reunião do grupo, mas todos devem estar presentes hoje. Desse ponto em diante, não haverá mais qualquer impedimento formal para o início do conclave.

142 cardeais

já estavam no Vaticano ontem (39 com mais de 80 anos e por isso sem poder de voto). A reunião de ontem, ocorrida na Sala Nova do Sínodo, foi meramente introdutória.

Com a presença de 103 dos 115 cardeais que elegerão o futuro papa, começou na manhã de ontem a Congregação Geral, encontro que antecede o conclave. O grupo passará em revista a atual crise da Igreja e definirá quando começa o processo de escolha.

A expectativa do porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, é que a data seja definida nos próximos dias, já que existem opiniões divergentes entre os cardeais. "Como sabemos, tem aqueles [cardeais] que estão com mais pressa, mas existem aqueles que preferem dedicar mais tempo para as congregações [reuniões prévias]", disse.

Segundo Lombardi, os 12 ausentes terminariam de chegar hoje ao Vaticano. Com isso, não haveria mais qualquer impedimento formal para o início do conclave.

A reunião na manhã de ontem, ocorrida na Sala Nova do Sínodo, foi meramente introdutória. Os 142 cardeais presentes (39 com mais de 80 anos e por isso sem poder de voto) encontraram os lugares estabelecidos para cada um, por ordem de antiguidade; fizeram um juramento de segredo, se comprometendo a não divulgar o que for discutido ali dentro; e rezaram em latim.

Houve um intervalo de 30 minutos no final da manhã para um café, quando os cardeais puderam ter encontros particulares. Nesses encontros, eles começam a discutir mais reservadamente o que esperam para o futuro, como o perfil do novo pontífice.

"Esse é um momento significativo para contatos pessoais, trocas de informações, até em um nível mais particular", disse o porta-voz do Vaticano.

Vatileaks

Segundo Lombardi, os cardeais não receberão o dossiê secreto do chamado caso Vatileaks, feito por três cardeais a pedido do agora papa emérito. O documento só será conhecido pelo novo pontífice.

Isso não impede, no entanto, que quem estiver interessado pergunte aos colegas informações sobre a crise. "Pode haver o caso de alguns membros do colégio dos cardeais que querem saber informações sobre a situação da cúria e da Igreja e ali eles poderão perguntar. É uma possibilidade.

Depois deste intervalo, abriu-se espaço para que os cardeais fizessem intervenções. Treze pediram a palavra, mas nada do conteúdo discutido foi divulgado.

Os trabalhos são presididos pelo decano, Angelo Sodano, pelo camerlengo, Tarcisio Bertone [responsável pela administração do Vaticano no período de sede vacante], e pelo secretário do colégio de cardeais Lorenzo Baldisseri.

Por sorteio, ficou estabelecido que três cardeais (Giovanni Battista Re, Crescenzio Sepe e Franc Rode), auxiliarão Bertone pelos próximos três dias. Depois, um novo sorteio acontecerá e outros três serão escolhidos.

Os cardeais também decidiram enviar uma mensagem ao papa emérito Bento XVI, o que deverá ser feito nos próximos dias.

Papa precisa ter prudência, bom humor e zelo sacerdotal, diz monsenhor

Inês Migliaccio, especial para a Gazeta do Povo

Na opinião do subsecretário do Conselho Pontifício para os Textos Legislativos, o monsenhor José Aparecido Gonçalves de Almeida, sacerdote brasileiro que trabalha há cerca de 30 anos no Vaticano, a prudência, o zelo sacerdotal e o bom humor estão entre as principais características que os cardeais analisam no perfil daqueles que podem suceder Bento XVI.

"A prudência é uma virtude básica para o governo. Como destacava João Paulo I em Ilustríssimos Senhores, existem os santos, os sábios e os prudentes. Os santos, que rezem por nós. Os sábios, que nos deem lições. E os prudentes, que nos governem", disse, citando o livro que o papa João Paulo I escreveu quando ainda era cardeal – uma coleção de cartas fictícias para personagens históricos.

Em relação ao zelo sacerdotal, ele enfatizou que é imprescindível o amor e o cuidado de todas as almas. E, sobre o bom humor, citou alguns santos da Igreja, como Santo Tomás More que, antes de ser decapitado, pediu ao carrasco para tomar cuidado com sua barba.

Ele se lembrou também do contato próximo que teve com o papa Bento XVI. "É um homem muito agradável, de bom coração e com toda sua amabilidade, foi muito firme nas resoluções da Igreja: identificou a problemática dos legionários de Cristo e solucionou o problema; aperfeiçoou a legislação quanto aos casos de pedofilia; e exigiu a transparência do Banco do Vaticano", disse.

Monsenhor Aparecido acha importante destacar – neste momento em que o mundo manifesta interesse pelo futuro papa – que a Igreja não é constituída só por cardeais. "Nesses 30 anos de Roma, trabalhando com diáconos, monges, freiras, sacerdotes e leigos, conheci gente muito boa. Esses escândalos são de fato uma tristeza, mas não deixam de ser uma realidade muito particular de um todo muito mais rico e divino", afirmou.

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