Se o papa Francisco realmente for simples como tem demonstrado, a probabilidade de que seu papado seja frutuoso para a Igreja parece ser grande, porque, pelo menos teoricamente, a simplicidade faz parte da prudência, ou seja, da "capacidade de tomar decisões acertadas, com base na límpida visão da realidade", como destaca o filósofo da USP Jean Lauand. Mas já tem gente estranhando, por exemplo, algumas atitudes de Francisco, como permitir ser saudado sem que se ajoelhem diante dele, dispensar carros e vestes. Será pouco diplomático? Será um bom gestor ou administrador? Afinal, ele é autoridade máxima de um Estado: o Vaticano. E deve portar-se como tal.

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Um papa atua como legislador, doutor e mestre supremo de toda a Igreja, e tem autoridade sobre questões canônicas e litúrgicas, podendo interpretar, legislar, alterar, e revogar as leis canônicas estabelecidas por seus antecessores. Agora, para exercer o poder soberano, pleno e imediato, ele conta com a ajuda dos dicastérios da Cúria Romana que, em nome dele, exercem seu ofício a serviço da Igreja. Atualmente, este é o setor mais necessitado de reformas. "A Igreja não existe para si mesma. Ela está para o povo e deve abrir-se a ele", enfatiza o cardeal brasileiro Braz de Aviz.

O Vaticano ainda não divulgou as pessoas que constituirão a equipe mais próxima de Francisco, que reúne o Secretário de Estado, os encarregados da Doutrina da Fé, do Culto Divino, dos Bispos, do Clero, da Educação Católica, das Causas dos Santos, da Propaganda Fidei, dos Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica e das Igrejas Orientais e também o da Nova Evangelização: o último departamento criado por Bento XVI em seu papado, como destaca o canonista brasileiro, José Aparecido Gonçalves de Almeida.

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Todas as funções estão incorporadas na mais essencial, que é a de pastor. O padre Michelino Roberto, Pároco da Nossa Senhora do Brasil em São Paulo, afirma que "a Igreja necessita de um grande Pastor, que cuide das almas, que tenha preocupação pela felicidade do seu rebanho, que acima de tudo fale de Cristo aos homens, porque é dEle que todos sentem falta neste mundo." Michelino foi entrevistado pela Gazeta do Povo enquanto aguardava a fumaça na Praça de São Pedro. A repórter foi testemunha de que rezava, torcia e pedia ao mesmo tempo: "eu quero um papa pastor!".

Tudo indica que Deus atendeu ao seu pedido. Dom Geraldo, Arcebispo de Salvador, afirma que "Francisco deve ter essa figura muito presente em seu governo porque se apresentou com um crucifixo de 'Bom Pastor, com suas ovelhinhas'", não identificando em que momento se referia. Já Dom Odilo, Arcebispo de São Paulo, ao citar a importância desta faceta do Papa, insistiu na necessidade de cuidar das famílias. "Acho fundamental a formação doutrinal e religiosa no seio da família, onde se criam as bases da fé. Esperemos que o Papa Francisco tenha isso muito em conta no seu pontificado".