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Com 11 cardeais, até 2030 africanos devem ultrapassar europeus

Agência Estado

O tamanho relativamente pequeno do bloco africano de 11 membros entre os cardeais votantes não reflete a crescente influência do continente nos assuntos do Vaticano. A previsão é de que o número de africanos católicos possa ultrapassar o de europeus até 2030, possivelmente durante o reinado do próximo papa.

Mesmo assim, o número de cardeais africanos tem permanecido estável nas três últimas décadas. A crescente comunidade católica africana destaca a tendência geral sobre o cristianismo no continente, onde os cristãos têm forte influência sobre a fé dos africanos.

As dioceses africanas têm prioridades diferentes das ocidentais. Elas envolvem questões de pobreza crônica e a tentativa de conciliar os ensinamentos da Igreja – contrários a métodos contraceptivos artificiais – com a necessidade de combater crises causadas pelo excesso populacional e pela aids.

Para escolher um papa africano, seria necessário um conclave disposto a fazer uma das mais históricas decisões da Igreja. Um dos considerados possíveis candidatos a papa, o cardeal Peter Turkson, de Gana, afirmou que a perspectiva de um pontífice africano "não está tão longe". Turkson, 64 anos, foi escolhido para liderar o escritório do Vaticano para assuntos de justiça e paz em 2009.

Américas têm mais chances que África

Agência Estado

Em relação a conclaves, uma estatística sempre se destaca: cerca de 40% de todos os católicos do mundo vivem na América Latina. Na Europa, vivem 24%; e 16% vivem na África, segundo um estudo realizado em 2011. Isso sugere que, se os cardeais estiverem dispostos a olhar para fora da Europa, a primeira escolha pode ser a América Central ou a do Sul, que juntas levam 19 cardeais ao conclave.

Um papa da América Latina pode ser um passo mais fácil que um da África. Além disso, dois possíveis candidatos — Jorge Mario Bergoglio e Leonardo Sandri, ambos da Argentina — possuem a vantagem de terem ascendência italiana. Já as esperanças de que um brasileiro seja o novo líder da Igreja Católica são alimentadas pela presença de cinco cardeais no conclave. Os mais cotados são dom João Braz de Aviz e dom Odilo Scherer. Este último, líder da Arquidiocese de São Paulo, previu que nem geografia nem idade seriam determinantes na escolha do novo papa.

A América anglo-saxã, com 14 cardeais no conclave, tem tido um papel crescente nos assuntos do Vaticano por mais de 150 anos, com grandes arquidioceses norte-americanas atraindo imigrantes católicos. Mas é improvável que os cardeais decidam favorecer o perfil de poder político e militar conquistado pelos Estados Unidos, apesar de o arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, ter sido mencionado como possível candidato.

Isso deixaria o canadense Marc Ouellet como possível opção. Com 68 anos, o ex-arcebispo da diocese de Québec agora é prefeito da Congregação para os Bispos, um cargo influente que ajuda a selecionar bispos.

As apostas sobre quem será o novo papa são inevitáveis diante da proximidade da sucessão. As especulações mais recorrentes giram em torno da idade que seria mais adequada ao próximo sumo pontífice, da influência que a nacionalidade terá na escolha e da possível atuação de Bento XVI nos bastidores para eleger um sucessor. Contudo, é provável que o novo papa seja escolhido com base em aptidões pessoais para conduzir a Igreja Católica.

O teólogo Mário Antônio Sanches, da Pontifícia Univer­­sidade Católica do Paraná (PUCPR), não arrisca um nome, mas aposta que o novo chefe da Igreja será mais prático. Na opinião dele, as mensagens de Bento XVI eram bastante profundas, não tinham efeito no curto prazo e seus resultados talvez demorem até 20 anos para ser notados.

Sanches considera a possibilidade de o novo pontífice ser alguém que "vai se dirigir aos problemas do mundo com postura mais pastoral, captar questões mais urgentes, com novas roupagens e usar frases de efeito rápido, de fácil compreensão".

Os questionamentos sobre a influência de Bento XVI sobre a escolha de seu sucessor podem ser respondidos, pelo menos em parte, com o fato de que mais da metade dos cardeais que vão votar foram escolhidos por ele. No total, 67 dos 117 eleitores passaram a integrar o grupo por nomeação feita pelo atual papa. Isso, em tese, eliminaria a necessidade de Bento XVI tentar articular ostensivamente para eleger um sucessor.

O conclave

A face da Igreja Católica mudou profundamente durante a vida de Bento XVI. As comunidades católicas do Ocidente são hoje menores e mais velhas, enquanto as da África, da América Latina e de bolsões na Ásia florescem, proporcionando juventude e energia ao catolicismo. Essa transformação, no entanto, não se refletiu na composição do conclave de cardeais que elegerá o próximo papa. Os europeus ainda dominam o conclave. Eles representam mais da metade dos 117 cardeais que se reunirão na Capela Sistina para a votação. E, enquanto o conclave não começa, os católicos se questionam se o papado voltará para um italiano, se irá para outro europeu, para um africano ou para um religioso do outro lado do Atlântico.

Em um processo que deve ter início entre 15 e 20 de março, os cardeais vão se reunir na Capela Sistina para escolher o novo líder da Igreja. Poderão votar no máximo 120 cardeais, que não devem ter completado 80 anos até o dia em que a Igreja ficar sem papa. Para este conclave, a data limite é 27 de fevereiro, já que Bento XVI vai renunciar no dia 28. O cardeal ucraniano Lubomyr Husar, por exemplo, não vai votar porque completa 80 anos no próximo dia 26. Apesar de o eleito ser, normalmente, um dos cardeais que participam da votação, qualquer católico solteiro, independentemente da idade, pode receber votos para ser o novo papa.

Maioria europeia tem força para decidir conclave

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Em termos absolutos, apenas os cardeais europeus podem perfeitamente bem decretar que o papado vai permanecer em seu continente se essa for a sua única preocupação. Dos 117 cardeais, mais da metade dos elegíveis para o conclave são europeus. Embora seja pouco provável que apenas a geografia seja um fator decisivo no conclave, ela pode ter influência decisiva.

O papa polonês João Paulo II encerrou 455 anos consecutivos de papado italiano com sua surpreendente eleição em 1978. Ter sucessivos papas não italianos, entretanto, não significa que o momento é propício para outro papa que não seja italiano. Deve haver apoio à volta do papado para um italiano uma vez que a burocracia do Vaticano, conhecida como Cúria, precisa de uma mão firme no comando. As teorias a favor de um papa italiano sugerem que apenas uma pessoa de dentro pode guiar os aliados e influir para trazer reformas para a Cúria, cujos líderes recuaram diante da tentativa de reformas de Bento XVI.

Uma possibilidade papal italiana frequentemente considerada é o cardeal Angelo Scola, 71 anos, arcebispo de Milão. Se os poderosos italianos fiéis a Scola ou a outro candidato papal, por exemplo, não obtiverem apoio suficiente, eles podem lançar seu apoio a um colega europeu. Esse tipo de movimento refletiria a zona de conforto da Igreja moderna após os papados polonês e alemão. Entre os nomes que circulam como escolhas europeias possíveis está o cardeal Christoph Schoenborn, 68 anos, arcebispo de Viena que foi confrontado por escândalos de abuso sexual na Áustria que incluíam seu antecessor.

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