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O presidente dos EUA, Joe Biden (ao centro), faz seu discurso sobre o Estado da União, enquanto a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris (à esquerda), e o presidente da Câmara, Mike Johnson, (à direita), escutam atentamente
O presidente dos EUA, Joe Biden (ao centro), faz seu discurso sobre o Estado da União, enquanto a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris (à esquerda), e o presidente da Câmara, Mike Johnson, (à direita), escutam atentamente| Foto: EFE/EPA/MICHAEL REYNOLDS

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez na noite desta quinta-feira (7) o que talvez pode ter sido o seu mais importante discurso do Estado da União, uma vez que o mesmo está sendo realizado em um período eleitoral, onde pesquisas apontam que o atual mandatário americano pode não conseguir se manter no cargo por mais quatro anos.

No discurso desta quinta-feira, o democrata apresentou as suas propostas e realizações feitas ao país. Suas falas foram marcadas por aplausos e vaias dos congressistas, que reagiram às declarações de Biden sobre temas como aborto, impostos, economia, imigração, conflito no Oriente Médio e na Ucrânia e relação com a China.

Biden defendeu a sua gestão na área econômica, afirmando que a economia americana sob sua administração é “a inveja do mundo”. Ele disse que o seu governo reduziu a inflação e o déficit fiscal e criou “milhões de novos empregos”. Biden também destacou em sua fala os investimentos em energia limpa, ciência e educação.

O presidente americano também propôs e defendeu em seu discurso um aumento de impostos para os mais ricos e as grandes corporações, dizendo que eles devem pagar a sua “parte justa”. Ele criticou os bilionários americanos, que, segundo ele, pagam poucos impostos, e disse que quer aumentar a taxa de impostos para eles em 25%.

“Eu sou capitalista, mas as pessoas devem pagar o que é justo”, afirmou o democrata.

Biden também abordou a questão do aborto, especialmente o fim da lei Roe vs Wade, derrubada pela Suprema Corte americana em 2022, em uma vitória pró-vida.

O democrata, forte defensor do tema, ainda não está satisfeito com a decisão dos juízes da mais alta corte de justiça americana, que estavam presentes no local, e deixou isso bem claro ao dizer nesta quinta que pretende restaurar a lei do aborto. Para isso, Biden clamou em seu discurso para que a população americana “elegesse um Congresso favorável” à lei.

“Eu não vou abandonar as mulheres deste país”, disse Biden, sendo vaiado pelos congressistas republicanos que estavam presentes no local.

Guerra no Oriente Médio

Biden também falou sobre a sua política externa, especialmente sobre a crise no Oriente Médio, onde Israel e o grupo terrorista Hamas travam uma guerra em Gaza desde outubro do ano passado. O conflito foi desencadeado após os ataques terroristas do Hamas contra Israel, que deixaram mais de mil mortos, milhares de feridos e cerca de 250 pessoas levadas em cativeiro para Gaza.

Biden disse que está “trabalhando” neste momento por um “cessar-fogo de seis semanas” no conflito e que os EUA lideram os esforços humanitários na região. Citando o número de palestinos mortos divulgado pelo Ministério da Saúde do Hamas, estimados em cerca de 30 mil, Biden defendeu o direito de Israel de se defender, mas também cobrou que o país “protegesse os civis” de Gaza e “permitisse a entrada de mais ajuda” no enclave palestino.

Biden anunciou que os EUA criarão um porto temporário em Gaza - algo que já havia sido especulado pela mídia americana no decorrer do dia- para receber ajuda humanitária. Ele lembrou que o local não contará com nenhum militar.

O democrata aproveitou seu discurso para defender a solução de dois Estados como a “única” que pode “trazer paz” ao Oriente Médio, algo que não é bem visto por Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense.

"A assistência humanitária não pode ser uma consideração secundária, tem que ser uma prioridade. A única solução real é uma solução de dois Estados. E digo isso como uma pessoa que sempre apoiou Israel ao longo da minha carreira. Sou o único presidente americano a visitar Israel durante uma guerra. Não há outra maneira de garantir a paz", disse Biden.

Guerra na Ucrânia

Biden voltou a criticar a invasão russa na Ucrânia, dizendo que o presidente russo, Vladimir Putin, está intensificando a sua agressão ao país vizinho e que os EUA “não vão abandonar os ucranianos”. O presidente pediu ao Congresso que aprovasse o envio de mais ajuda e armas para a Ucrânia.

A proposta que permite o envio de mais ajuda financeira para a Ucrânia está travada no Congresso, que condiciona o envio dessa ajuda à aprovação de uma lei mais dura contra a imigração, algo que vem causando transtornos na fronteira sul dos EUA e uma crise gigante em cidades como Nova York.

Imigração

Falando sobre imigração, Biden disse que não vai “demonizar” os imigrantes e pediu para que o Congresso aprovasse uma reforma migratória que ofereça um “caminho para a cidadania dessas pessoas”. Ele defendeu a proteção dos “sonhadores”, os "jovens que chegaram ao país na infância" e que estão “ameaçados de deportação”.

Biden voltou a criticar as políticas de seu antecessor, o republicano Donald Trump (2017-2021), afirmando que deseja uma abordagem "mais humana e cooperativa" com os países vizinhos.

No momento em que falava sobre o tema da imigração, opositores citaram o caso de Laken Riley, uma jovem americana que foi assassinada por um imigrante ilegal venezuelano.

Joe Biden defendeu o aborto, criticou o porte de armas e falou sobre as guerras
Joe Biden defendeu o aborto, criticou o porte de armas e falou sobre as guerras| EFE/EPA/SHAWN THEW / POOL

Críticas contra as armas

Em seu discurso, Biden também defendeu a restrição do porte de armas e o banimento da venda de fuzis e armas de alta capacidade. O democrata disse que essas medidas não “violam a segunda emenda da Constituição”, que garante o direito da população de possuir armas, e que são “necessárias para acabar com os tiroteios que assolam o país”. Na ocasião, o presidente criticou novamente Trump por “não ter feito nada para enfrentar o problema da violência armada”.

“Tenho orgulho de ter assinado a Lei de Segurança de Armas mais significativa em mais de 30 anos. Exijo a proibição de armas de assalto e de alta capacidade. Nada disso viola a segunda emenda. Também não é um problema para os proprietários responsáveis ​​de armas”, disse Biden.

OTAN

Biden citou e defendeu também em seu discurso a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), afirmando que ela é a “aliança mais forte que o mundo já viu”.

O democrata lembrou que a Suécia entrou oficialmente para a OTAN nesta quinta e criticou uma fala de Trump sobre a organização, onde o republicano havia criticado os países que não gastam o que devem com defesa.

Biden falou também sobre a morte do opositor russo Alexei Navalny, acusando Trump de se negar a condenar Putin pelo falecimento dele.

Competição com a China

Sobre a China, Biden disse que os EUA são o “verdadeiro país em ascensão” neste momento e que quer “competir” com o país asiático de forma comercial, não bélica. Ele disse que está “defendendo a paz” no estreito de Taiwan e que impediu que as tecnologias americanas fossem usadas em armas chinesas.

Biden encerrou o seu discurso com um tom político, dizendo que é um “presidente de todos” e que “governará para todos”. Ele falou sobre a “união do país”, e lembrou novamente a invasão do Capitólio em janeiro de 2021, acrescentando que “há uma batalha entre os que querem arrastar o país para trás e os que querem avançar”.

“Não se pode liderar os EUA com ideias antigas, para liderar os EUA se precisa de uma visão de futuro”, disse o presidente democrata, que é o líder mais idoso dos Estados Unidos, com 81 anos.

O discurso de Biden foi acompanhado e comentado pelo ex-presidente Trump, que usou a sua conta em sua rede social chamada “Truth Social” para criticar o atual presidente.

Por lá, Trump, que disse que acompanhou o discurso ao vivo, chamou Biden de “furioso e louco”, e disse que ele estava “tossindo, tossindo, sempre tossindo” durante suas falas. O republicano também defendeu as suas posições sobre a Rússia, a OTAN, o porte de armas e a imigração, afirmando que foi ele quem fez os aliados ocidentais gastarem mais com defesa após suas críticas.

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