Foto tirada em 12 de outubro de 2017 mostra o logotipo da sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em Paris. | Foto: JACQUES DEMARTHON/ AFP

Os Estados Unidos anunciaram que deixarão a UNESCO, a agência para Educação, a Ciência e a Cultura da Organização das Nações Unidas (ONU). O governo americano, em um comunicado, citou razões financeiras, bem como “o viés anti-Israel” da organização.

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A decisão foi anunciada nesta quinta-feira (12) pela manhã pelo Departamento de Estado, que disse que os Estados Unidos permaneceriam apenas como observador não-membro. Isso se concretizará no final de 2018.

O fato confirma a decisão dos Estados Unidos de se distanciar de alguns agentes da comunidade internacional.

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Alguns dos aliados mais próximos dos Estados Unidos estão entre os 195 membros da Unesco. Nesta semana, o embaixador da França na ONU, François Delattre, pediu ao país que permanecesse na UNESCO, dizendo que os Estados Unidos “devem permanecer comprometidos com os assuntos mundiais”.

Israel

Horas após o anúncio dos Estados Unidos, o primeiro-ministro de Israel, Benyamin Netanyahu, declarou que seu país também deixaria a agência, e chamou a saída americana de "corajosa e moral". 

Nos últimos anos, Israel tem feito reclamações constantes sobre o posicionamento da Unesco em relação aos locais considerados patrimônio cultural da humanidade em Jerusalém e na Palestina. 

 Na última Assembleia Geral da ONU, Netanyahu afirmou em seu discurso que a agência estava promovendo uma "falsa história" após ter designado Hebron e dois santuários adjacentes como "patrimônio cultural da Palestina ameaçado". 

"Hoje é um novo dia na ONU, um dia em que há um preço a se pagar pela discriminação contra Israel", disse Danny Danon, embaixador israelense junto às Nações Unidas

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 Os Estados Unidos haviam cancelado em 2011 sua contribuição financeira para a Unesco em protesto contra decisão da agência de conceder à Autoridade Nacional Palestina o status de membro pleno. As verbas americanas representavam 22% do orçamento total da agência. 

 Na ocasião, a decisão teve 107 votos a favor e 52 abstenções. Foram contra 14 membros, entre eles Estados Unidos, Israel, Canadá e Alemanha. 

Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul e França votaram a favor da admissão da Palestina. O Reino Unido se absteve. 

 Esta não foi a primeira vez que os Estados Unidos saíram da Unesco. Nos anos 1980, Washington tomou a mesma decisão alegando que a agência era mal administrada, corrupta e usada para promover interesses soviéticos. Os EUA voltaram a integrar o órgão em 2003.

Reação

A UNESCO, cuja sede fica em Paris, foi criada após a Segunda Guerra Mundial para ajudar a promover a livre circulação de informações. Talvez seja mais conhecido pelo programa do Patrimônio Mundial, que ajuda a preservar locais culturais de importância em todo o mundo.

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Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO, expressou “profunda tristeza” após a decisão do  Departamento de Estado americano. “A universalidade é fundamental para a missão da UNESCO de fortalecer a paz e a segurança internacionais diante do ódio e da violência, para defender os direitos humanos e a dignidade”, disse ela em comunicado.