Camiseta à venda em Manágua com a foto do ditador Daniel Ortega| Foto: EFE/Jorge Torres
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Estudantes de universidades que foram confiscadas pela ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua nos últimos meses denunciam que um ambiente de doutrinação política e coerção foi implantado nessas instituições.

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As alegações vêm principalmente de alunos das universidades que foram inauguradas em campi previamente pertencentes à Universidade Politécnica da Nicarágua (Upoli) e à Universidade Cristã Autônoma da Nicarágua (UCAN).

Os estudantes relatam que estão sendo obrigados a participar de atividades do partido Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), sob a ameaça de expulsão ou perda de bolsas de estudo caso não compareçam e tenham sua presença registrada.

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De acordo com os estudantes da Universidade Nacional Politécnica (UNP), que foi inaugurada após o confisco do campus da Upoli, eles foram forçados a participar recentemente do aniversário da Cruzada Nacional de Alfabetização, evento que deveria comemorar uma conquista histórica do povo nicaraguense, mas foi utilizado para enaltecer o regime de Ortega.

As alegações também incluem relatos de doutrinação política nas aulas, onde os professores enfatizam os "feitos" da ditadura sandinista e incentivam os estudantes a participar ativamente das atividades do FSLN, ao ponto de oferecer pontos extras por participação política.

Os estudantes, muitos dos quais não têm recursos financeiros para buscar alternativas, sentem-se pressionados a participar das atividades partidárias para garantir a continuidade das suas bolsas de estudo.

Segundo informações do jornal independente La Prensa, a reitora da UNP, Lilliam de Jesús Lezama Gaitán, participou de um desses eventos políticos, destacando o compromisso com a "continuidade educacional" em várias regiões do país.

A situação se repete em outras universidades confiscadas, como a Universidade Padre Gaspar García Laviana (UNPGGL), onde estudantes também afirmam ser forçados a participar de eventos do FSLN, sob ameaça de represálias acadêmicas.

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Alguns estudantes afirmam que essa pressão é percebida como uma tentativa de identificar e classificar aqueles que são pró-regime e os que são opositores. Segundo eles, isso está criando um ambiente de medo e incerteza nas salas de aula.

A ditadura de Ortega foi responsável pelo fechamento e confisco de mais de 28 universidades privadas ou subvencionadas desde 2021.

O recente confisco dos bens da Universidade Centro-Americana (UCA), ligada aos jesuítas, foi o caso mais recente.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]