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Amanda Rossi foi encontrada morta dentro do campus da Unopar | Roberto Custódio/JL
Amanda Rossi foi encontrada morta dentro do campus da Unopar| Foto: Roberto Custódio/JL

Denver – A Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa) decidiu divulgar a quase totalidade de um estudo sobre a segurança do espaço aéreo do país, segundo descobriu a agência de notícias Associated Press. A pesquisa, que levantou um enorme polêmica na última semana, pode revelar que a segurança dos vôos comerciais está muito mais comprometida do que as autoridades aéreas imaginavam.

Situações de quase colisão e interferências em pistas de decolagem são problemas comuns no sistema aéreo dos EUA. A grande discussão, no entanto, é que "a publicação das informações requeridas, que são sensíveis e relacionadas à segurança, pode afetar materialmente a confiança da população e o bem-estar comercial das empresas aéreas cujos pilotos participaram da pesquisa", justificou um alto funcionário da Nasa em uma resposta ao pedido da Associated Press para que a pesquisa fosse divulgada.

O estudo foi conduzido com 24 mil pilotos e controladores, que tiveram suas identidades mantidas em segredo. As entrevistas demonstram péssimas condições de trabalho de pilotos momentos de colisões quase iminentes e aterrissagens perigosas, entre muitas outras situações.

A Nasa divulgou ontem um trecho da pesquisa. Em março de 2004, dois pilotos que conduziam uma aeronave Airbus 319 de Baltimore, a maior cidade do estado de Maryland, para Denver, capital do Colorado, adormeceram durante o trajeto. Eles foram acordados somente pelo frenético chamado dos controladores em terra, alertando-os de que estavam se aproximando do aeroporto no dobro da velocidade permitida.

Esta situação, conhecida como "olho vermelho" (em referência aos vôos noturnos de longa duração que obrigam os pilotos a se manterem acordados), ocorrem freqüentemente, segundo comprovou o estudo da Nasa.

"Pelos últimos 45 minutos de vôo eu adormeci, assim como o co-piloto", afirmou o comandante do vôo da United Airlines aos pesquisadores da agência aérea, em um trecho a pesquisa revelado ontem. Procurada pela Associated Press, a companhia não confirmou nenhum registro de incidente de "olho vermelho" em vôos noturnos. Segundo a explicação do profissional citado, ele já havia trabalhado por três noites seguidas, em viagens de oito horas.

Além disso, entre os resultados do levantamento vazados à AP, há informações de que o número de batidas provocadas por pássaros e situações de quase colisão aérea são duas vezes superior aos registrados nos sistemas de monitoramento do governo.

A pesquisa também mostra números alarmantes de pilotos que teriam sido informados sobre mudanças nas instruções de pouso na última hora, algo "potencialmente perigoso".

A pesquisa, conduzida em segredo pela Nasa, durou cerca de quatro anos e custou US$ 11,3 milhões ao contribuinte americano. A AP soube da existência do levantamento por meio de uma fonte anônima, tentou a abertura dos dados, por cerca de 14 meses, com base na Lei de Liberdade de Informação.

Nesta semana, a Nasa esclareceu que "nós assumimos o que dissemos, e isso foi um erro", segundo afirmou a administrador Michael Griffin. "Pedimos desculpas. As pessoas cometem erros. E isso foi um erro."

"Estou revendo esse pedido por meio do Ato de Liberdade de Informação para determinar quais – se houver alguma – dessas informações podem ser tornadas publicas legalmente. A Nasa deve focar em como dar informações ao público; não como escondê-la", diz a nota. No texto, Griffin ressalta ainda sempre ter defendido a abertura e transparência das pesquisas e análises feitas pela Nasa.

A polêmica já repercute com força no Congresso americano. "Se as linhas aéreas não são seguras, eu quero saber mais sobre isso", disse o presidente da subcomissão de investigações em Ciência e Tecnologia da Câmara dos Representantes, deputado Brad Miller.

O político pediu à Nasa que passe a sua subcomissão informações sobre a pesquisa e sobre a decisão de mantê-la sob sigilo. "A informação parece ter grande valor para a segurança da aviação, mas não em um arquivo da Nasa", argumentou o deputado no pedido.

O republicano Bart Gordon, chefe do Comitê para a Ciência e Saúde do Congresso afirmou que as razões da Nasa para esconder a pesquisa foram, ao mesmo tempo, "problemáticas e inconvincentes"

Ontem, Griffin reafirmou que o relatório será liberado apenas com o que não é considerado como uma "informação confidencial comercial."

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