A grande maioria das pessoas não tem necessidade de tomar suplementos vitamínicos e a ingestão destes compostos pode representar um risco maior de morte em mulheres idosas, segundo um estudo publicado esta segunda-feira (10) na Archives of Internal Medicine, periódico da Associação Médica Americana.

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Segundo a pesquisa, entre os suplementos estudados, o ferro se destacou como o que gera maior preocupação, enquanto o cálcio parece vinculado a um risco reduzido de óbito.

Uma vez que cerca da metade dos americanos ingere algum tipo de vitamina, o estudo visa a examinar se a indústria dos suplementos, de US$ 20 bilhões, tem algum efeito em prolongar a expectativa de vida em uma população com boa nutrição.

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Os cientistas confirmaram a teoria de que os suplementos não estão ajudando as pessoas a prolongar a vida. Mas os motivos para um risco ampliado da mortalidade não ficaram claros.

"Com base nas evidências existentes, nós vemos pouca justificativa para o uso generalizado e indiscriminado de suplementos dietéticos", destacaram os autores do estudo, pesquisadores da Universidade de Minnesota e da Universidade do Leste da Finlândia.

"Nós descobrimos que algumas vitaminas dietéticas e suplementos minerais comumente utilizados, inclusive multivitamínicos, vitaminas B6 e ácido fólico, bem como minerais como ferro, magnésio, zinco e cobre, estão associados a um risco maior da mortalidade total", acrescentaram.

A equipe de pesquisadores americana-finlandesa examinou dados do Estudo de Saúde das Mulheres de Iowa, inclusive questionários preenchidos por 38.772 mulheres com idade média de 62 anos.

As mulheres informaram sobre o uso que fizeram de suplementos em 1986, 1997 e 2004, e os dados demonstraram que seu uso aumentou em 66% nas pessoas que responderam ao questionário no início para 85% em 2004. Aquelas que ingeriam suplementos demonstraram ter um estilo de vida mais saudável, sendo mais propensas do que as outras que não tomavam suplementos a não fumar, se alimentar com base em uma dieta de baixa gordura e se exercitar.

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Mas em muitos casos, demonstraram ter um risco maior de morrer do que as demais que não tomavam suplementos.

"A preocupação principal recaiu sobre o ferro suplementar, indicando uma dosagem associada com o aumento do risco de mortalidade total", destacou o estudo.

Por outro lado, "o cálcio suplementar foi inversamente proporcional à taxa de mortalidade total", o que significa que as pessoas que ingeriam cálcio demonstraram ter um risco reduzido de morte, embora a mesma relação de dosagem não tenha ficado clara.

Os autores afirmaram que não podem descartar a possibilidade de que a razão para a taxa de mortalidade mais elevada em usuárias de ferro possa estar vinculada com as condições subjacentes que as levaram a tomar os suplementos e que é necessário fazer mais pesquisas.

Enquanto isso, os médicos pediram que os pacientes considerem os riscos da ingestão de suplementos a menos que seja necessário para prevenir deficiências.

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"Achamos que o paradigma 'quanto mais, melhor' está errado", afirmaram os médicos Goran Bjelakovic, da Universidade de Nis, na Sérvia, e Christian Gluud, do Hospital Universitário de Copenhague, na Dinamarca, em um comentário que acompanhou o artigo.

Estas descobertas "se somam à evidência crescente que demonstra que certos suplementos antioxidantes, como a vitamina E, a vitamina A e o betacaroteno podem ser prejudiciais", afirmaram.

"Não podemos recomendar o uso de vitaminas e suplementos minerais como medida preventiva, pelo menos não para uma população bem nutrida", concluíram.