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Os Estados Unidos avisaram o presidente palestino, Mahmoud Abbas, que as negociações de paz com Israel não chegarão a lugar nenhum se a facção Fatah, à qual pertence Abbas, formar um governo de unidade nacional com o Hamas, disseram nesta sexta-feira autoridades palestinas.

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, afirmou que seu país não se manifestaria a respeito do novo governo antes da formação do gabinete e negou, numa entrevista concedida a um canal de TV, que os EUA já haviam decidido boicotar todos os ministros desse novo governo.

Diplomatas e autoridades palestinas afirmaram, porém, que o alerta chegou até Abbas na quinta-feira, intensificando as pressões feitas sobre o líder palestino antes de seu encontro com Condoleezza e o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, marcado para segunda-feira.

- Os americanos afirmaram (para Abbas) que vão boicotar o governo, que as sanções não serão levantadas e que os esforços de paz não avançarão conforme o planejado - disse um diplomata da região.

Uma autoridade palestina confirmou o conteúdo do aviso.

O premier Ismail Haniyeh, membro do Hamas, disse nesta sexta-feira que vai formar o novo governo em no máximo três semanas, mas que a perspectiva de futuro não é muito otimista, devido à afirmação de diplomatas de que os EUA pretendem boicotar a nova administração e manter as sanções contra a Autoridade Palestina.

Na quinta-feira, Abbas pediu formalmente a Haniyeh que formasse um governo de unidade nacional capaz de, conforme esperam os palestinos, colocar fim ao conflito interno e convencer o Ocidente a retomar o envio da ajuda.

Potências ocidentais pararam de enviar auxílio aos palestinos depois de o Hamas ter subido ao poder, no ano passado. O processo de formação do novo governo pode se estender por várias semanas, e disputas sobre os ministérios e sobre o destino da força policial do Hamas ainda ameaçam o sucesso desses esforços.

Em declarações dadas ao lado de Abbas, na quinta-feira à noite, Haniyeh não disse se o Hamas reconhecerá ou não o Estado judaico, se renunciará à violência e se aceitará os tratados de paz existentes, exigências essas feitas pelo Quarteto de mediadores para o Oriente Médio.

Numa entrevista concedida ao canal de TV Al Arabiya, Condoleezza afirmou que o novo governo precisava atender às exigências do Quarteto. E acrescentou:

- Ainda não há nenhum governo formado e não vamos julgá-lo antes de sua formação.

Mas autoridades palestinas afirmam reservadamente que o governo americano vem fazendo pressão sobre Abbas devido ao acordo selado na semana passada na cidade sagrada de Meca, argumentando que esse acordo não atende às condições impostas pelo Quarteto de mediadores.

A secretária de Estado americana deve realizar uma cúpula junto com Abbas e Olmert, em Jerusalém, na segunda-feira. O encontro vem sendo descrito como o início de um novo esforço americano para fazer com que seja retomado o processo de paz.

- Abbas depara-se com uma crise devido à postura adotada pelos EUA - disse uma autoridade palestina.

Segundo essa autoridade, o presidente tentaria convencer Condoleezza de que o acordo com o Hamas era um "primeiro passo positivo" nos esforços para afastar o grupo islâmico dos métodos violentos e ressaltaria que ele, e não o novo governo, seria o responsável pelas negociações de paz.

Em declarações dadas a um canal de TV palestino depois de ter pedido a Haniyeh que formasse o governo, Abbas disse que a Autoridade Palestina estava "totalmente comprometida" com os acordos de paz já firmados com Israel.

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