Na solução dos conflitos do Oriente Médio, desde a guerra na Síria até o processo de paz entre Israel e Palestina, as tensões regionais no Iraque e a crise no Chipre, a Turquia é um país-chave, afirmou neste domingo em Istambul o secretário de Estado americano, John Kerry.

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O chefe de diplomacia americana analisou todos estes temas, assim como a própria reconciliação entre Israel e Turquia, com seu colega turco, Ahmet Davutoglu, durante uma reunião de uma hora e meia realizada na manhã deste domingo (7) em Istambul.

O ponto mais importante na agenda era a guerra civil na Síria, especialmente depois que março se revelou, nas palavras de Davutoglu, como "o mês mais sangrento dos dois anos de conflito, com cerca de 7 mil mortos".

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"Voltei rápido à Turquia", confessou Kerry, em referência à visita de 1 de março, "mas também não tão breve, passou tempo demais e morreu muita gente".

Kerry e Davutoglu concordaram em convocar o mais breve possível uma conferência internacional de países "Amigos da Síria" para aumentar as pressões sobre o Governo de Bashar al Assad em Damasco e dar passagem a uma época de transição.

"Assad deve sair", insistiu Kerry, ao mesmo tempo em que prometeu se reunir nas próximas semanas com vários dirigentes políticos para pactuar medidas contra o regime sírio, além de destacar a postura da Turquia como país vizinho e afetado pela guerra.

O secretário de Estado ressaltou que o trabalho dos Estados Unidos contra o terrorismo vai continuar, especialmente após o último atentado do Afeganistão, no qual seis americanos perderam a vida em um ataque talibã.

Kerry assegurou contar com Ancara neste esforço, ficou feliz que "trinta anos de terrorismo" na Turquia chegaram ao fim com o anúncio do Partido de Trabalhadores de Curdistão, PKK, de que abandonará a luta armada, e prometeu apoiar o possível processo de paz curdo, embora "não será um processo fácil", advertiu.

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Porém, parece que tem mais preocupações com o caminho rumo à reconciliação entre Turquia e Israel, iniciado no mês passado com o pedido formal de desculpas do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, a seu colega turco, Recep Tayyip Erdogan, pelo o que ocorreu no barco "Mavi Marmara" de 2010, no qual morreram nove turcos.

Kerry se mostrou convencido de que os dois Governos compartilham o objetivo comum de chegar a uma normalização completa das relações e prometeu que seu país ia trabalhar com ambos para impulsionar o processo de paz no Oriente Médio.

"A Turquia pode ser um país-chave para a resolução do conflito na Síria", assinalou o secretário de Estado, apesar de avaliar como "mais complicado" seu papel na Faixa de Gaza.

Kerry indicou que os EUA fazem esforços para transformar as condições econômicas dos territórios palestinos e que a Turquia "pode ter um papel importante para criar uma atmosfera" que permita avançar no processo de paz com Israel.

Davutoglu, por sua parte, lembrou que "o levantamento dos embargos" à população palestina é a terceira condição que Ancara pôs para recuperar plenas relações com Israel, mas avançou que "já existem compromissos" para "trabalhar pela melhora das condições de vida tanto na Cisjordânia como em Gaza".

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O turco insistiu que "a Turquia sempre apoiou o estabelecimento de um Estado palestino nas fronteiras de 1967" e não renunciará a este objetivo.

Segundo o ministro, solucionar este conflito "é a peça chave para a paz em toda a região", que "fortalecerá as novas democracias e as relações econômicas e culturais e permitirá que nasça um novo Oriente Médio".

A prevista visita de Erdogan a Gaza, ainda sem data, faz parte desta visão e dará um novo impulso ao processo de paz, prometeu Davutoglu.

Após concluir a reunião com seu colega, Kerry foi recebido por Erdogan em sua residência de Istambul, embora o conteúdo de sua conversa não tenha vazado (informação).

Viagem

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A visita à Turquia de Kerry é a primeira etapa de uma viagem que o levará na segunda-feira e terça-feira a Israel e Palestina, para continuar, após uma passagem pelo encontro de ministros do G8 na Inglaterra, pela China, Coreia do Sul e Japão.