Os Estados Unidos devem retirar em breve a Coréia do Norte da lista de países patrocinadores do terrorismo, o que ajudaria a salvar um acordo de desnuclearização do país, embora haja resistências do Japão, disse na sexta-feira uma fonte próxima à negociação.

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"Provavelmente vai acontecer", disse essa fonte.

Um anúncio era esperado já para sexta-feira, mas não ocorreu, segundo autoridades norte-americanas, devido à falta de consenso entre os quatro outros países envolvidos. O Japão em particular teria restrições.

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A porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, disse que o presidente George W. Bush ainda não sancionou a retirada da Coréia do Norte da "lista negra". "Continuamos trabalhando com nossos parceiros, mas não espero nada mais a respeito disso para hoje", afirmou ela.

O governo Bush tenta, em seus últimos meses, salvar o acordo multilateral que prevê incentivos políticos e econômicos ao regime comunista norte-coreano em troca da desativação do seu programa nuclear. China, Rússia, Japão e Coréia do Sul também participam do acordo.

A Coréia do Norte começou a desativar seu único reator em novembro passado, mas se irritou com a demora dos EUA em retirar o país da lista e por isso recentemente expulsou inspetores nucleares internacionais e retomou as atividades nucleares.

Os EUA até agora insistiam para que, antes de retirar a Coréia do Norte da lista, estivesse definido um mecanismo de verificação das atividades nucleares declaradas pelo país.

Já o Japão faz restrições à retirada de Pyongyang da lista por causa da questão, ainda pendente, do sequestro de cidadãos japoneses por agentes norte-coreanos, décadas atrás.

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Na sexta-feira, a secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice, discutiu a questão da Coréia do Norte com os chanceleres de Japão, China e Coréia do Sul, e deve fazer o mesmo em breve com o ministro de Relações Exteriores da Rússia, segundo seu porta-voz, Sean McCormack.

McCormack não quis dizer se o Japão estava impedindo o avanço do processo, mas repetiu a posição oficial do governo Bush que a questão do sequestro dos cidadãos japoneses precisa ser resolvido rapidamente.

Mas uma fonte próxima às discussões disse que o chanceler japonês, Hirofumi Nakasone, manifestou sua relutância, e que Bush deve discutir o assunto diretamente com o primeiro-ministro Taro Aso.

Analistas dizem que uma saída seria os EUA aceitarem um protocolo de verificação nuclear menos específico, e portanto mais palatável a Pyongyang, que se queixava de que as propostas anteriores equivaleriam praticamente a uma revista casa-a-casa.

Mas um abrandamento deve receber críticas, especialmente do Partido Republicano dos EUA, que é contra concessões nucleares à Coréia do Norte. "Isso ainda está em jogo, mas se o resultado for um acordo de verificação aguado, apoiado por uma declaração unilateral dos EUA sobre o seu entendimento dos procedimentos de verificação, então o governo se arrisca a sofrer duras críticas". disse Michael Green, ex-especialista em Ásia no Conselho de Segurança Nacional dos EUA, hoje ligado ao Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

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A Coréia do Norte já testou armas nucleares de plutônio em 2006 e supostamente estaria mantendo um programa de enriquecimento de urânio, que é outra fonte para armas atômicas.

Jon Wolfsthal, também do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, disse que uma possibilidade seria transferir alguns procedimentos de verificação para a China. "Estamos obviamente dançando conforme a música da Coréia do Norte a esta altura", disse ele.