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Participação de Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia,  durante conferência da Otan em novembro de 2022.
Participação de Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, durante conferência da Otan em novembro de 2022.| Foto: EFE

Estados Unidos, Alemanha e França anunciaram na semana passada que enviarão à Ucrânia equipamentos inéditos, que ainda não tinham sido cedidos desde a invasão russa. A movimentação indica que o conflito, que em fevereiro completará um ano, pode estar prestes a sofrer uma escalada.

Pela primeira vez desde fevereiro de 2022, os EUA garantiram o envio de veículos de combate de infantaria Bradley. A Alemanha, por sua vez, enviará 40 veículos blindados Marder, de fabricação própria. Juntos, através da OTAN, a aliança militar ocidental, os dois países também cederão sistemas antiaéreos Patriot. Dois dias antes do anúncio de EUA e Alemanha, o presidente da França, Emmanuel Macron, já havia confirmado ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que o seu país enviará veículos de combate leves para a Ucrânia.

“A importância dos Patriot é dada pela significativa melhora na defesa antiaérea. Os blindados, por sua vez, são essenciais para as operações ofensivas”, apontou Paulo Roberto Gomes da Silva Filho, coronel da Cavalaria da Reserva do Exército e mestre em estudos de defesa e estratégia pela Universidade Nacional de Defesa de Pequim.

“A decisão de países da OTAN de enviar à Ucrânia equipamentos significa uma mudança de patamar no apoio à Ucrânia. Será um importante apoio caso os ucranianos realmente desencadeiem uma ofensiva no fim do inverno, início da primavera no sul e no leste do país”, destacou Filho.

O especialista previu que, nos próximos meses, veremos a Ucrânia tentando expulsar os russos de seu território ao mesmo tempo em que os invasores deverão tentar conquistar completamente as quatro províncias anexadas no segundo semestre de 2022.

Apoio do Ocidente 

A Casa Branca relatou uma conversa telefônica entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, para "compartilhar opiniões sobre a guerra de agressão contínua da Rússia contra a Ucrânia". De acordo com a nota, Biden e Scholz expressaram a sua determinação em "continuar a fornecer o necessário apoio financeiro, humanitário, militar e diplomático à Ucrânia durante o tempo que for necessário".

"Os veículos blindados podem transportar infantaria mecanizada para a batalha em apoio de operações ofensivas e defensivas", detalhou Pat Ryder, porta-voz do Pentágono.

Nos últimos meses, o chanceler alemão, relutante em entregar armas ofensivas à Ucrânia, defendeu a necessidade de não tomar decisões sozinho, mas de coordenar as ações com outros aliados da OTAN.

Apesar dos avanços na oferta do Ocidente, entretanto, Filho lembrou que “os carros de combate principais, os chamados tanques, itens de difícil reposição, como os Leopard alemães e os Abrams americanos, mesmo tendo sido solicitados pelos ucranianos, ainda não foram fornecidos”.

Movimentação russa

Ao mesmo tempo em que o Ocidente se organiza para aumentar a defesa da Ucrânia, a Rússia não parece perto de dar trégua. O país comandado por Vladimir Putin foi até mesmo considerado o maior risco mundial para 2023, segundo a Eurasia, uma das maiores consultorias de risco do mundo.

O grupo avaliou que Putin tem pouco a perder com uma nova escalada contra o Ocidente e a Ucrânia, inflingindo ainda mais sofrimento ao povo ucraniano. “Uma Rússia humilhada deixará de ser um jogador global para se tornar o estado desonesto mais perigoso do mundo, representando uma séria ameaça à segurança da Europa, dos Estados Unidos e além”, descreveu o relatório.

Em 30 de dezembro, Putin declarou que a ofensiva no país vizinho continuará em 2023 e que contará com uma aproximação da China. “No contexto de pressões e provocações sem precedentes do Ocidente, estamos defendendo nossas posições e princípios”, afirmou Putin, antes de anunciar que deseja “reforçar a cooperação entre as forças armadas da Rússia e da China”. Segundo ele, "a coordenação entre Moscou e Pequim no cenário internacional (...) serve à criação de uma ordem mundial justa baseada no direito internacional".

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