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John Kerry e Laurent Fabius durante encontro ontem em Paris: relações abaladas por denúncias de espionagem | Philippe Wojazer/Reuters
John Kerry e Laurent Fabius durante encontro ontem em Paris: relações abaladas por denúncias de espionagem| Foto: Philippe Wojazer/Reuters

Vigilância atinge toda a América Latina

O jornalista Glenn Green­wald, autor de uma série de reportagens sobre programas secretos de vigilância dos EUA, alegou que todos os países da América Latina foram alvo de espionagem de Washington.

De acordo com Glenn Greenwald, vários encontros latino-americanos foram monitorados, incluindo reuniões da Organização dos Estados Americanos (OEA) e de negociações de tratados de livre comércio. Contudo, o jornalista não forneceu mais detalhes.

Falando a uma associação de imprensa, o jornalista afirmou que relevará em futuras reportagens cada caso na região e alertou que mais operações de espionagem dos EUA também deverão vir a público.

Monitoramento

Segundo reportagens publicadas recentemente, os EUA espionaram milhões de conversas telefônicas francesas e a NSA também invadiu a conta de e-mail do ex-presidente mexicano Felipe Calderon. De acordo com Greenwald, as informações reveladas pelo Le Monde sobre operações de espionagem na França já estavam nas mãos do jornal há algum tempo.

O jornalista também disse que os documentos vazados por Snowden estão sendo mantidos em diferentes partes do mundo. O jornalista norte-americano Glenn Greenwald está morando no Brasil e se apresentou por videoconferência na 69.ª assembleia da Associação de Imprensa Interamericana. Ele deixou o jornal britânico The Guardian na semana passada e afirmou que deverá se focar agora em lançar um novo projeto de jornalismo apoiado pelo fundador do eBay, Pierre Omidyar.

Agência Estado

O ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, recebeu ontem em Paris o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, de quem esperava explicações sobre as denúncias de espionagem em massa por parte dos EUA, que geraram o protesto da França. Ao final do encontro, os dois governos concordaram em trabalhar juntos para estabelecer "o alcance exato" da espionagem.

Fabius disse ter denunciado ao seu colega americano Kerry as práticas "inaceitáveis" de espionagem dos Estados Unidos que tiveram a França como alvo. O Ministério das Relações Exteriores da França emitiu um comunicado no qual assinalou que o chefe da diplomacia francesa havia "renovado (sua) reivindicação por explicações sobre as práticas de espionagem inaceitáveis entre países amigos e que elas devem acabar".

"Eu pedi a ele que nos forneça elementos de informação rapidamente e que essas práticas parem", declarou Fabius a jornalistas em Londres, logo após a reunião do grupo dos Amigos da Síria. "John Kerry respondeu que era um sistema que tinha sido herdado de governos anteriores", explicou. "Nós queremos que essas práticas parem e que sejamos informados de tudo o que existe", insistiu Fabius.

Segundo o chanceler, ficou acordado que "as operações de coleta de informações devem estar enquadradas, especialmente no âmbito bilateral, para a única luta válida, ou seja, a luta contra o terrorismo".

Explicações

A reunião entre Fabius e Kerry aconteceu horas depois de o presidente americano, Barack Obama, ter telefonado para o chefe de Estado francês, François Hollande, para falar das revelações do jornal Le Monde sobre o programa de espionagem dos EUA que afetou a França.

No final da conversa, a Presidência francesa emitiu um comunicado afirmando que Hollande manifestou a Obama "sua profunda reprovação com essas práticas inaceitáveis entre aliados e amigos, porque atentam contra a vida privada dos cidadãos franceses".

O presidente francês pediu explicações a seu colega e, em especial, sobre o conjunto de informações que poderia estar nas mãos do ex-agente americano Edward Snowden, que é a origem dos vazamentos para a imprensa nos últimos meses.

70,3 milhões de comunicações na França foram interceptadas em apenas 30 dias, entre dezembro de 2012 e o início de 2013. Segundo o jornal francês Le Monde, que citou documentos da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA), os principais alvos na França não se limitavam a suspeitos de vínculos com atividades terroristas. Também estavam na lista empresários e outras pessoas do mundo dos negócios, assim como políticos e funcionários públicos.

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