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A principal notícia dos jornais americanos nas edições desta sexta-feira é a varredura feita pela Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) e pelo Departamento do Tesouro em transações bancárias internacionais em busca de informações sobre possível financiamento do terror. O programa foi iniciado depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, é secreto e talvez não tenha base legal, segundo o "New York Times". A notícia também é a principal do "Los Angeles Times", do "Washington Post" e do "Wall Street Journal".

O programa examinou transações de milhares de americanos e estrangeiros nos Estados Unidos, diz o "New York Times". As informações estão nas mãos de um consórcio baseado na Bélgica, denominado Sociedade para Telecomunicação Financeira Interbancária Mundial (Swift, na sigla em inglês). Este consórcio, observa o "Wall Street Journal", administra boa parte do tráfego de informação financeira mundial.

Seus clientes são cerca de oito mil instituições financeiras em 205 países e não se limita a bancos comuns. Há bancos de investimento, corretoras etc. Ela processa, em média, 11 milhões de transações por dia.

O banco de dados da Swift é vasculhado por analistas de contraterrorismo dos Estados Unidos a partir de mandados administrativos do Departamento do Tesouro, não de autorizações judiciais individuais. Os mandados são genéricos e abrangentes, pegando milhões de arquivos.

"O acesso a grandes quantidades de dados confidenciais foi altamente incomum, várias autoridades disseram e causaram preocupações dentro do governo sobre questões legais e de privacidade", diz o "New York Times".

O "Times" cita, entre os sucessos do programa, a prisão de um agente da Al-Qaeda conhecido pelo nome de Hambali, que teria concebido o atentado em Bali, na Indonésia, em 2002, que matou 202 pessoas e feriu outras 209.

Este programa de rastreamento é separado do programa de coleta de dados telefônicos empreendidos pela Agência Nacional de Segurança e denunciado, desde fins do ano passado, pela imprensa americana. A coleta gerou ações contra o governo e contra empresas de telecomunicação.

O "Times" nota que o que era para ser um programa temporário, na opinião de alguns funcionários do governo ou ex-funcionários, e de executivos da indústria financeira, se tornou permanente sem aprovação do Congresso ou autorização formal.

O governo se preocupou com o aspecto legal do programa, e, do outro lado, o consórcio chegou a considerar o fim da colaboração com os americanos. A ameaça de cisão só foi desfeita depois de intervenção do então presidente do Banco Central americano, Alan Greenspan.

Mais tarde, uma empresa de auditoria independente foi contratada para checar a vinculação entre as buscas e efetivas pistas sobre terroristas. Mesmo assim, o "Wall Street Journal" nota que o programa pode causar controvérsia na Europa e na indústria bancária internacional.

E o governo americano pediu ao "Los Angeles Times" e ao "New York Times" para não publicar reportagem a respeito do programa. O "Wall Street Journal" afirma não ter recebido tal pedido. Chegou a acontecer, na quinta-feira, uma reunião entre funcionários do Tesouro e repórteres do "Los Angeles Times". Segundo a agência Associated Press, a reunião durou hora e meia.

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