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La Paz (AE) – Evo Morales surgiu na vida política defendendo a liberação total do cultivo de coca na Bolívia. Atribuindo o vício da cocaína a uma "tara do capitalismo", sugeriu ao governo dos Estados Unidos que combatessem o consumo da droga em seu próprio país. Na época o então líder cocaleiro da região do Chapare voltou-se contra os acordos firmados na década de 90 entre os governos norte-americano e boliviano para erradicar o cultivo da coca.

Favorito para vencer as eleições presidenciais de hoje, seu discurso atual é mais moderado: quer promover um novo estudo para estabelecer o "real tamanho" do mercado de coca legal no país.

Essa moderação é insuficiente para o Departamento de Estado da Casa Branca, em Washington. "Há um temor, muito justificado, de que se aumente a produção de coca na Bolívia no caso de Morales chegar à presidência", diz um funcionário diplomático norte-americano em La Paz, sob a condição de não ter seu nome publicado."Não há dúvida de que isso levaria a um aumento de produção de cocaína, um problema que afeta diretamente o Brasil", insistiu.

Segundo estudos da agência de combate às drogas dos EUA, quase toda a cocaína produzida no Peru e na Bolívia é contrabandeada para o território brasileiro, onde parte é destinada ao consumo interno e parte é levada para os mercados consumidores na Europa. De acordo com os esses mesmos estudos, 80% da cocaína consumida nos EUA vêm da Colômbia, contrabandeada por meio de cartéis mexicanos.

O tema das drogas é o principal item da agenda da diplomacia norte-americana para a Bolívia. Oficialmente, os EUA, que chegaram a classificar Morales como narcotraficante, têm mantido cautela em relação ao candidato do MAS. Sua embaixada em La Paz, no entanto, teme que ele ponha fim aos acordos firmados em 1998, pelo então presidente Hugo Bánzer.

Esses acordos prevêem o fornecimento de assistência técnica dos EUA e programas de capacitação dos policiais bolivianos para o combate às drogas, em troca de ajuda financeira aos cocaleiros para incentivar a substituição de cultivos. Todos os outros temas relacionados à eleição são secundários para a embaixada americana em La Paz.

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