• Carregando...

Após um silêncio de quase quatro anos, Valerie Plame Wilson, a ex-agente da CIA cuja atividade foi revelada em julho de 2003, em meio à polêmica da invasão do Iraque, acusou a Casa Branca e o Departamento de Estado dos EUA de exporem sua identidade secreta por motivos políticos. Em depoimento ao Congresso, nesta sexta-feira, ela disse acreditar que a medida "imprudente e inconsequente'' do governo americano fora adotada depois da publicação de um artigo no qual o seu marido, o ex-embaixador Joseph Wilson, se opunha à investida militar contra o país árabe.

Falando pela primeira vez em público sobre o escândalo, Valerie Plame contou aos parlamentares que a revelação de sua identidade interrompeu bruscamente seu trabalho de coletar inteligência sobre armas de destruição em massa iraquianas e a impediu de realizar missões secretas.

- Foi como se eu tivesse sido atingida no estômago. Eu não poderia mais desempenhar o trabalho para o qual fui altamente treinada. A carreira que eu amava como agente secreta terminou num instante - disse a ex-espiã.

Em declaração à Comissão de Supervisão e Reforma do Governo, Valerie Plame se disse "preocupada com a politização crescente e insidiosa do sistema de inteligência" americano e acusou o governo de George W. Bush de colocar seus interesses acima da segurança de profissionais que arriscam a vida pelo país.

- Meu nome e minha identidade foram imprudente e inconsequentemente usados por autoridades importantes do governo na Casa Branca e no Departamento de Estado que deveriam ter tido cuidado em me proteger - disse.

Impossibilitada de discutir certos detalhes do caso em público, ela disse acreditar que outros agentes tenham sido afetados, mas que não tinha tido acesso à análise da CIA sobre o caso.

Valerie negou que tivesse recomendado ao marido uma viagem à África, em 2002, para determinar se o Iraque tentara comprar material nuclear no Níger, como críticos acusaram. Após a incursão, Wilson teria concluído que o Iraque não tentara obter urânio. Mesmo assim, o presidente George W. Bush reiterou a acusação um ano depois. O diplomata, então, contestou a informação em artigo. Logo depois disso, a atividade secreta de Valerie foi divulgada.

Presidente da comissão, o democrata Henry Waxman disse que vai investigar se funcionários da Casa Branca manipularam informações confidenciais:

— Isto não é sobre Valerie. É sobre a segurança nacional.

Ninguém chegou a ser criminalmente acusado por revelar a identidade de Plame, mas Lewis "Scooter'' Libby, ex-chefe de gabinete do vice-presidente Dick Cheney , foi condenado este mês por obstrução da Justiça e por mentir aos investigadores.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]