A China condenou à morte nesta terça-feira (29) o ex-diretor do Departamento Estatal de Alimentos e Drogas, que era acusado de corrupção. A sentença é surpreendente, já que o governo vinha tentando conter uma onda de escândalos a respeito da segurança de medicamentos e alimentos.

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Zheng Xiaoyu era acusado de corrupção passiva e prevaricação, segundo informações da Corte Popular Intermediária Municipal Número 1 de Pequim à agência de notícias "Xinhua".

A sentença, excepcionalmente dura, ainda pode ser reduzida no recurso, mas já reflete o peso que a cúpula chinesa está dando a questões de corrupção e segurança alimentar, num momento de críticas no exterior devido à descoberta de toxinas em alimentos e outros produtos.

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"Zheng deveria ter usado o poder dado a ele pelo Estado e pelas pessoas de forma séria e honesta, mas ao invés disso ignorou seus interesses vitais recebendo os subornos", disse o tribunal, segundo a Xinhua. "Isso ameaçou a segurança da vida e da saúde das pessoas e causou um impacto social extremamente ruim."

Zheng, 62 anos, chefiou o departamento de 1998 a 2005, depois de ascender na hierarquia das estatais do setor farmacêutico.

Mas ele foi expulso do Partido Comunista neste ano, depois de investigações que apontaram que ele teria abusado dos seus poderes de aprovar produtos para obter propinas e lucros ilegais de empresas farmacêuticas.

O suborno -- em dinheiro e presentes -- teria sido avaliado em cerca de 6,5 milhões de yuans (850 mil dólares), vindos de oito empresas e entregues diretamente a ele ou a sua mulher e filho, segundo a Xinhua.

Sob a administração de Zheng, dezenas de pessoas morreram na China devido ao consumo de medicamentos e alimentos falsificados ou inadequados. Um dos casos mais graves aconteceu em 2004, na Província de Anhui, onde 13 bebês morreram após consumir leite em pó sem qualquer valor nutricional.

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Os problemas com os produtos chineses chegaram também ao exterior quando lotes de glúten de trigo e proteína de arroz contendo aparas de melamina foram exportados para os EUA, onde acabaram misturados a rações que mataram cães e gatos.

Jiang Yu, porta-voz da chancelaria chinesa, disse que a condenação de Zheng é um assunto interno, mas que "reflete a determinação do governo chinês em lutar contra a corrupção".

Zheng também perdeu seus bens pessoais e direitos políticos, de acordo com a Xinhua. Segundo as investigações, ele teria rebaixado as exigências para a renovação das licenças para medicamentos, o que teria levado a produtos ineficazes.

Ele deixou o departamento bem antes dos últimos escândalos, e não há relatos oficiais de mortes provocadas por seus crimes. Aparentemente, porém, Pequim tenta usá-lo para comprovar ao mundo e aos chineses que o governo leva a sério a qualidade de medicamentos e alimentos.