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Reynaldo Bignone, o último militar a governar a Argentina | Juan Mabromata/AFP
Reynaldo Bignone, o último militar a governar a Argentina| Foto: Juan Mabromata/AFP

Redemocratização

Bignone passou faixa a Alfonsín

Último ditador da história argentina, Reynaldo Bignone passou a faixa presidencial a Raúl Alfonsín, o presidente da redemocratização, em 1983.

Ele assumira a Presidência em julho de 1982, logo após o fracasso na Guerra das Malvinas, em meio à crise econômica. Em seu primeiro discurso, o general avisou que convocaria eleições abertas.

Bignone participou do golpe que derrubou a presidente Maria Estela Martínez de Perón, em 1976, e chefiou o Campo de Mayo, um dos maiores centros de detenção do regime.

Buenos Aires - A Justiça argentina condenou ontem à prisão perpétua outro ex-presidente do país por crimes contra a humanidade ocorridos na última ditadura (1976-1983). Rey­­naldo Bignone, 83 anos, último militar a dirigir a Argentina, passará o resto da vida em um cárcere comum, segundo a sentença, por coautoria em crimes de sequestros, torturas e homicídios duplamente qualificados.

O mentor do golpe e primeiro presidente da ditadura, Jorge Ra­­fael Videla, 85 anos, também cum­­pre pena perpétua. Ele foi condenado, pelos mesmos crimes, em dezembro do ano passado.

Bignone já tinha uma condenação a 25 anos de prisão por outros crimes ocorridos no período. Ele também é implicado em outro processo que tramita na Justiça, sobre os crimes de ocultação e sequestro de 34 bebês de militantes de esquerda.

O ex-presidente foi condenado ontem pela participação no se­­questro e morte de estudantes e militantes da esquerda peronista. Ele também foi relacionado como responsável pelo sequestro de um ex-deputado federal no final da década de 1970.

Quase todas as vítimas estiveram detidas no Campo de Mayo, um dos 340 centros de detenção clandestinos da ditadura argentina. E segundo a ação, os crimes ocorreram no período seguinte ao golpe de março de 1976.

Além de Bignone, outras duas pessoas implicadas na causa foram condenadas à prisão perpétua: Martín Rodríguez, ex-chefe de inteligência do Exército, e Luis Patti, que já comandou a polícia de Buenos Aires.

Patti chegou a ser eleito deputado federal em 2005, mas não conseguiu assumir o cargo por causa das acusações de tortura, homicídios e sequestro. Um ex-auxiliar seu foi condenado a seis anos de prisão domiciliar.

A leitura da sentença, ontem à tarde, mobilizou o país. Emissoras de tevê e rádio pararam a programação para transmiti-la ao vivo.

Com os casos de ontem, já são 204 as condenações de ex-integrantes das Forças Armadas, polícias, forças de segurança e civis envolvidos na repressão. São mais de 480 pessoas presas, segundo o Ministério Público Federal.

A Argentina teve uma das ditaduras mais brutais da América La­­tina. Em oito anos, estima-se que ela tenha produzido quase 30 mil mortos e desaparecidos.

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