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Jeanine Áñez, ex-presidente da Bolívia, é transportada em ambulância para um hospital em La Paz, 13 de agosto
Jeanine Áñez, ex-presidente da Bolívia, é transportada em ambulância para um hospital em La Paz, 13 de agosto| Foto: EFE/Stringer

Nesta segunda-feira, 23 ex-chefes de governo e de Estado da Espanha e da América Latina fizeram um apelo à Organização dos Estados Americanos (OEA) e à Organização das Nações Unidas (ONU) para que ajudem a proteger a vida e a integridade da ex-presidente interina da Bolívia Jeanina Áñez.

No fim de semana, o governo boliviano informou que Áñez tentou se automutilar no presídio em La Paz, onde cumpre prisão preventiva há mais de cinco meses, e que o seu estado de saúde é estável. Seus advogados disseram que ela tentou suicídio e denunciaram "abusos" cometidos contra a ex-presidente, e que ela está passando por um quadro grave de depressão.

Os ex-governantes, membros da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (Idea), pedem em carta que a Comissão Interamericana de Direitos (CIDH) da OEA adote medidas cautelares. Da mesma maneira, os autores pedem que a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, exerça sua competência "de maneira rápida e efetiva" para proteger os "direitos à liberdade, à vida e à integridade pessoal" de Áñez.

Os signatários da carta expressaram "grave preocupação" pelo estado da ex-mandatária boliviana, lamentaram "a falta de trato humanitário" e recordaram que Áñez "exerceu um governo de transição aceito pela OEA e a União Europeia".

Governo boliviano nega "violações de direitos"

O governo da Bolívia negou no domingo que os direitos da ex-presidente interina Jeanine Áñez, estejam sendo violados, e confirmou que ela está "estável" e que há coordenação com a família para sua recuperação.

O diretor do Regime Penitenciário da Bolívia, Juan Carlos Limpias, informou ontem durante entrevista coletiva que a equipe médica do complexo tratou dos ferimentos da ex-presidente e que a família foi imediatamente informada sobre a situação.

Limpias indicou que não pode dar detalhes do ocorrido por "respeito" a Áñez, mas que ela atualmente está "estável" e dispõe de equipamentos necessários na prisão de Miraflores, em La Paz, onde cumpre prisão preventiva para investigação do chamado caso do "golpe de Estado".

O diretor lembrou que foi feito um acordo com a família e a penitenciária para permitir que um parente durma na prisão para acompanhar a ex-presidente. Ontem, uma dos filhos de Jeanine Áñez dormiu na prisão para lhe fazer companhia em sua recuperação, disse Limpias.

"O nosso presidente Luis Arce afirmou que o governo respeita muito os direitos humanos, não de uma forma teórica, mas prática, e mais uma vez estamos mostrando isso", afirmou.

Limpias referiu-se à junta médica realizada na última sexta-feira onde participaram os médicos do presídio, os médicos de Áñez, sua filha, entre outros, que resultou na recomendação de que a ex-presidente deveria ter um psicólogo clínico e nutricionista.

"Totalmente sedada"

Carolina Ribera, filha de Jeanine Áñez, confirmou sua posição de entregar sua liberdade pela da ex-presidente para que pudesse receber atendimento médico de especialistas. "A Justiça está permitindo que abusos, torturas e maus-tratos por parte do Estado sejam cometidos contra uma mulher que perde a saúde todos os dias", publicou no Twitter.

A filha de Jeanine Áñez disse ao jornal boliviano El Deber nesta segunda-feira que a ex-presidente permanece "totalmente sedada" e apresenta um quadro de depressão grave, além de constantes crises nervosas.

"Ela está totalmente dopada, sedada, está em estado de choque, disse que não se lembra do que aconteceu", disse Carolina Ribera.

Representante da ONU visita Áñez

Yulia Babuzhina, representante do escritório da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, esteve no presídio no domingo.

O Ministério do Governo emitiu um comunicado indicando que "está em curso uma avaliação psiquiátrica" para estabelecer "os motivos e características psicológicas da automutilação de Áñez".

No sábado, várias autoridades locais mostraram solidariedade a Áñez e pediram que a ex-presidente pudesse se defender em liberdade.

Um dia antes, o Ministério Público havia apresentado uma acusação contra Jeanine Áñez para iniciar um julgamento de responsabilidades pelas mortes em duas regiões durante a crise de 2019, após as eleições fracassadas daquele ano.

Grupo Idea

Assinam o documento: Óscar Arias S. (Costa Rica), José María Aznar (Espanha), Nicolás Ardito Barletta (Panamá), Ernesto Pérez Balladares (Panamá), Felipe Calderón (México), Rafael Ángel Calderón (Costa Rica), Laura Chinchilla (Costa Rica), Alfredo Cristiani (El Salvador), Vicente Fox (México), Eduardo Frei R. (Chile), Federico Franco (Paraguai), Osvaldo Hurtado L. (Equador), Luis Alberto Lacalle H. (Uruguai), Mauricio Macri (Argentina), Jamil Mahuad W. (Equador), Mireya Moscoso (Panamá), Andrés Pastrana A. (Colômbia), Jorge Tuto Quiroga R. (Bolívia), Miguel Ángel Rodríguez (Costa Rica), Julio María Sanguinetti (Uruguai), Luis Guillermo Solís R. (Costa Rica), Álvaro Uribe V. (Colômbia), Juan Carlos Wasmosy (Paraguai).

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