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O Exército paquistanês está cansado do impopular presidente Asif Ali Zardari e quer que ele saia do cargo, mas por meios legais e sem uma repetição dos golpes que foram uma marca registrada nos 64 anos de independência do país, disseram fontes militares à Reuters.

A tensão entre os líderes civis do Paquistão e seus generais está aumentando por causa de um memorando do governo que acusou o Exército de planejar um golpe depois do ataque norte-americano que matou o líder da Al Qaeda Osama bin Laden em território paquistanês, em maio.

"Quem não está cheio de Zardari? Não é apenas a oposição e as pessoas nas ruas, mas as pessoas dentro do governo também", disse uma fonte militar, sob condição de anonimato.

"Mas precisa ser de uma maneira apropriada. O Exército não está planejando nenhuma ação. Mesmo se estivéssemos, ela seria muito impopular e não apenas entre o governo e a oposição, mas também entre os paquistaneses".

O porta-voz das Forças Armadas paquistanesas não quis fazer comentários a respeito.

O general Ashfaq Kayani prometeu manter as Forças Armadas fora da política paquistanesa desde que assumiu o comando militar do país, em 2007.

Qualquer golpe - o Paquistão sofreu três desde a independência em 1947 - poderia prejudicar ainda mais a imagem pública das Forças Armadas, que já foram afetadas depois da operação Bin Laden, vista no país como uma violação da sua soberania.

Mas o Exército continua o árbitro do poder e analistas dizem que tem muitas maneiras de pressionar Zardari a renunciar, principalmente se for estabelecida uma relação entre ele e o memorando, que buscou a ajuda do Pentágono para evitar um temido golpe.

O empresário Mansoor Ijaz, em uma coluna escrita no Financial Times em 10 de outubro, disse que um importante diplomata paquistanês havia pedido que um memorando fosse entregue ao Pentágono com um pedido para que os EUA ajudassem a prevenir um golpe militar nos dias seguintes à operação que matou o líder da Al Qaeda.

Ijaz mais tarde identificou o diplomata como sendo o embaixador do Paquistão em Washington, Husain Haqqani, que negou o envolvimento, mas renunciou por causa da polêmica.

Longa história de tensão

Os militares paquistaneses, que determinam as políticas externa e de segurança, rejeitam qualquer sugestão de que possam realizar um golpe, mas analistas dizem que uma intervenção não pode ser descartada em caso de caos.

O atrito entre o governo civil do Paquistão e as Forças Armadas atormentou a potência nuclear por praticamente toda a sua existência, como os militares governando a nação por mais de metade de seus 64 anos de história.

No passado, os militares pediram para líderes civis paquistaneses renunciarem e influenciaram os processos judiciais contra eles.

Em determinado momento, o chefe do Exército, o general Ashfaq Kayani, sugeriu ao embaixador norte-americano em Islamabad que ele poderia ter que persuadir Zardari a renunciar por causa dos distúrbios políticos, segundo uma mensagem diplomática de 2009 divulgado pelo WikiLeaks.

Mas, para a sorte de Zardari, aparentemente o Exército chegou à conclusão de que ele era melhor opção do que outros líderes civis.

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