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As forças do regime atacaram durante a noite vários redutos da rebelião na Síria, país à beira da guerra civil, na opinião de muitos líderes internacionais, antes do início neste sábado no Qatar de uma reunião ministerial árabe sobre a crise.

O plano de paz do emissário internacional Kofi Annan, que prevê em primeiro lugar o fim das hostilidades, continua sem ser aplicado, e 54 pessoas morreram na sexta-feira em episódios de violência.

Na madrugada deste sábado, o Exército lançou ofensivas em busca de opositores nas províncias de Homs (centro) e Deraa (sul), matando um civil, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

A cidade de Homs foi alvo de bombardeios das forças governamentais durante a noite, que mataram um rebelde.

Milhares de opositores sírios se mobilizaram na sexta-feira em protesto pelo massacre de 49 crianças em Houla (centro), ocorrido no dia 25 de maio, e as forças do regime abriram fogo contra os manifestantes em Damasco e Aleppo (norte), entre outras localidades.

Autoridades do Exército Sírio Livre, força de oposição composta principalmente por desertores, anunciaram na sexta-feira que retomavam as "operações de defesa", deixando de lado os compromissos assumidos no âmbito do plano Annan.

Os líderes internacionais advertiram para o crescente risco de guerra civil total, mas deixaram claras as suas divergências quanto à forma de se chegar ao fim da violência, que deixou mais de 13.400 mortos desde março de 2011.

"Vemos elementos precursores de uma guerra civil. Isso é extremamente perigoso", declarou em Berlim o presidente russo, Vladimir Putin, maior aliado do regime de Bashar al-Assad, ao mesmo tempo em que considerou impossível resolver a crise "pela força" e preferiu uma "solução política".

As divergências com a França ficaram evidentes em Paris, para onde viajou depois de Berlim. O presidente francês, François Hollande, considerou que não havia "solução possível" na Síria sem "a saída de Bashar al-Assad".

Putin respondeu colocando novamente em questão a eficácia das sanções.

Já a secretária americana de Estado, Hillary Clinton, acusou a Rússia de fornecer armas ao regime sírio, o que gerou uma rápida resposta de Moscou, que mencionou uma ajuda financeira estrangeira e a entrega de armas aos rebeldes no massacre de Houla.

O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, indicou neste sábado ter escrito ao Conselho para pedir que "realize todas as ações necessárias para proteger o povo sírio" diante da repressão.

Não evocou, no entanto, uma intervenção militar, declarou ele à AFP pouco antes do início de uma reunião ministerial árabe para abordar a crise síria.

Esta reunião, realizada no Qatar na presença de Annan, deve "examinar várias ideias novas", indicou anteriormente Arabi.

Em Genebra, o Conselho de Direitos Humanos da ONU deu autorização, apesar da oposição russa e chinesa, para uma investigação internacional independente sobre o massacre de Houla, no qual 108 pessoas morreram.

No Líbano, os confrontos sectários influenciados pela situação na Síria se intensificam a cada dia. Neste sábado, oito pessoas morreram e 21 ficaram feridas em confrontos armados travados entre partidários e opositores do regime sírio em Trípoli, principal cidade do norte do Líbano, indicou uma fonte de segurança.

Trocas de tiros esporádicas foram registradas a partir de meia-noite de sexta-feira para sábado e foguetes foram disparados, obrigando famílias a fugir de suas casas, indicou esta fonte, acrescentando que os enfrentamentos continuam de forma intermitente.

Os conflitos ocorrem entre moradores do bairro de Bab el-Tebbaneh, majoritariamente sunita e hostil ao governo sírio de Bashar al-Assad, e os de Jabal Mohsen, de maioria alauita e simpatizante do regime.

Uma mulher e seu filho morreram atingidos por um foguete disparado em direção ao bairro de Bab el-Tebbaneh, indicou uma fonte dos serviços de segurança.

O Exército, já presente na região, vai se deslocar para Jabal Mohsen, e a polícia ficará em Bab el-Tebbaneh.

Trípoli já tinha sido sacudida em meados de maio por uma semana de confrontos entre pró e anti-Assad, que deixaram 10 mortos.

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