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A Rádio Havana em silêncio nesta terça-feira. Os cubanos e seus descendentes que moram em Miami, nos EUA, mostram-se cautelosos depois da festa de segunda-feira com a notícia da internação de Fidel Castro para cirurgia intestinal .

O senador republicano pela Flórida Mel Martínez, que fugiu de Cuba quando criança, disse que esperava há muito tempo "pelo dia em que o povo de Cuba veria um dia sem Fidel Castro".

- Há a possibilidade de que ele esteja gravemente doente ou morto - disse Martínez em Washington. - Não acho que haveria um anúncio como esse se não estivesse bem claro que ele está incapacitado e não se recuperará no curto prazo.

Martinez é o primeiro cubano a entrar para o Senado dos Estados Unidos. Ele foi eleito em 2004.

Um assessor de Fidel disse na terça-feira, algo vagamente, que o "último instante" do líder ainda está longe.

A única informação a respeito do estado de saúde foi dada pelo Ministério das Relações Exteriores da Venezuela, cujo governo é íntimo aliado de Cuba. Segundo ele, a recuperação do líder caribenho "avança positivamente". Mas não há qualquer informação oficial. Nem um boletim foi divulgado.

De acordo com o jornal "Miami Herald", muitos na cidade da Flórida acordaram nesta terça-feira se perguntando se a situação de saúde do líder do país comunista significa o fim do seu reinado de 47 anos. A falta de notícias oficiais deixa a comunidade de dissidentes apreensiva. Alguns, reunidos no tradicional restaurante cubano Versailles, chegam até a sugerir que o anúncio da segunda-feira não passou de uma farsa.

Em Cuba, porém, a terça-feira amanheceu sem sobressaltos , segundo correspondente da Reuters.

Nesta terça-feira, a CNN divulgou um relatório de uma comissão do governo americano que delineia os planos de Washington para a eventual e defintiva saída de Fidel do poder.

A rádio que é a porta-voz do governo da nação caribenha se limita a veicular o boletim sobre a internação, sem atualizações sobre o quadro de saúde de Fidel ( Clique aqui e veja imagens históricas de Fidel ). Em Miami, a notícia de que o líder, perto de completar 80 anos, passou o poder temporariamente ao irmão Raúl Castro , e teorias que apontam que Fidel está gravemente doente e até morto dominam as rodas de conversa.

"Ninguém sabe de nada com certeza", disse Luis Cabral, imigrante cubano que está radicado no sul da Flórida desde 1966. "Acho que ele está doente, mas acredito que está morrendo vagarosamente. Não acho que ele vá morrer de repente. Se o povo realmente quer retomar Cuba precisará perdoar e recomeçar sem ele", acrescentou o dissidente.

Muitos moradores de Miami, entretanto, temem que as comemorações precipitadas possam pôr em perigo cubanos vivendo na ilha.

"Naturalmente, estou feliz em saber que ele está doente", afirmou Caridad Mora, no sul da Flórida desde 1962. "Mas as pessoas precisam ser cuidadosas, porque poderia sempre haver conseqüências. Elas precisam esperar até ter certeza de que ele morreu antes de tomar as ruas, porque é muito perigoso", emendou.

É preciso distinguir os vários grupos de exilados nos Estados Unidos. O espectro vai de social-democratas que não querem os americanos gerindo o país, até jovens alienados, passando por comunistas que viajaram para ficar com a família que tem integrantes não-comunistas que fugiram do país e por partidários dos Estados Unidos.

O diretor-executivo do grupo ativista Centro para uma Cuba Livre, Frank Calzón, disse ao GLOBO ONLINE, por telefone, de seu escritório em Washington, que a mudança de regime acontecerá, e será por dentro, e não por fora.

- Existem divisões, sim, mas isto é da natureza da vida - disse ele, a respeito dos dissidentes. - Damos boas-vindas à diversidade.

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