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Madri – Um furgão cheio de explosivos foi detonado ontem em frente de uma delegacia de polícia em Durango, 40 quilômetros ao sul de Bilbao, no País Basco espanhol, no primeiro grande ataque da organização separatista basca ETA desde o fim do cessar-fogo em junho. Dois policias ficaram feridos no atentado, que causou extensos danos materiais na área.

De acordo com as autoridades espanholas, entre 80 e 100 quilos de explosivos foram usados no atentado. O Ministério do Interior afirmou que dessa vez não houve alerta antes da explosão. O ETA costuma ligar avisando o local dos ataques. "Famílias e crianças moram no complexo da delegacia de polícia, o que torna esse atentado ainda mais desprezível", atacou o representante local do Ministério do Interior, Paulino Luesma.

O atentado, que ocorreu na madrugada de ontem, assustou os moradores vizinhos da delegacia. Muitos saíram de suas casas vestindo apenas pijamas para ver o que havia acontecido. A força da explosão destruiu carros e estilhaçou janelas de vários prédios ao lado da delegacia.

Em março de 2006, o ETA havia declarado um cessar-fogo e estava discutindo as condições para o início das negociações de paz com o governo do primeiro-ministro socialista, José Luiz Zapatero. A falta de concessões das autoridades, no entanto, irritou os separatistas. Um atentado em dezembro contra o aeroporto de Madri, que deixou dois mortos, prejudicou ainda mais as negociações entre o governo e o ETA. Desde 1968, a organização já matou mais de 800 pessoas.

Recentemente, no entanto, o grupo vem perdendo apoio da população. "Ao retomar a violência, o ETA está afastando-se de seu objetivo. Esse ato criminoso, que poderia ter sido uma verdadeira carnificina, nos tornará ainda mais determinados a lutar contra a organização", afirmou o diretor da Guarda Civil da Espanha, Joan Mesquida.

O partido Ação Nacionalista Basca (ANV), presente em vários municípios do País Basco e Navarra desde as eleições de maio, se absteve de condenar o atentado de ontem. Segundo a agência espanhola Europa Press, os membros da ANV não apoiaram o comunicado redigido em conjunto pelos demais partidos de Durango que condenava o atentado. Ao contrário, a ANV divulgou um outro informe em que expressou sua "solidariedade" com as vítimas do ataque e considerou que ele foi uma das "conseqüências diretas do conflito".

O texto ponderava que "o povo basco há meses é agredido pelos Estados espanhol e francês" e, portanto, não foi a primeira agressão. Com este manifesto, a ANV se alinha com a postura adotada pelo braço político do ETA, o Batasuna, diante da violência. Formado em 1930, o governo espanhol aceitou que o partido concorresse à eleição de maio, uma vez que a ANV "condenava de forma explícita a violência".

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