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Palestinos fazem orações durante um protesto perto da cidade de Khan Yunis, na região da fronteira entre Israel e o sul da Faixa de Gaza | Said Khatib/AFP
Palestinos fazem orações durante um protesto perto da cidade de Khan Yunis, na região da fronteira entre Israel e o sul da Faixa de Gaza| Foto: Said Khatib/AFP

Acordo

Condições impossíveis de atender atravancam movimentos de paz

Amplos movimentos de paz parecem improváveis porque tanto israelenses quanto palestinos estabeleceram condições impossíveis de serem satisfeitas. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu não fará acordo com o governo de coalizão Hamas-Fatah até que o Hamas reconheça Israel; Abbas resiste a retomar negociações até que Israel congele totalmente a construção de assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

O ex-general Yossi Peled, que comandou os soldados israelenses nas fronteiras do Líbano e da Síria, disse que provavelmente haverá tentativas de violação da fronteira novamente e que devem ser contidas a todo custo – independentemente das consequências políticas – porque elas representam um desafio direto à soberania de Israel.

"O que aconteceu neste fim de semana nos dá pouco tempo para tirar conclusões e praticar um novo método de guerra em que Israel vai confrontar civis desarmados, crianças e mulheres", disse Peled.

Alon Liel, diplomata veterano israelense, afirmou que o poder está com os palestinos. "É um novo tipo de entusiasmo pelo nacionalismo palestino, ligado às expectativas de setembro", disse.

Ativistas palestinos estão chamando de "prévias" as novas táticas usadas para pressionar Israel e ganhar apoio para a formação de um Estado. Entre elas, estão reunir multidões incentivadas pelas manifestações no mundo árabe organizadas pelo Facebook, marchar para as fronteiras e postos militares – e arriscar-se ser atingido pelos tiros dos soldados israelenses.

Isso poderia ser mais problemático para Israel que ataques suicidas ou qualquer outro tipo de violência mortal do passado – ações que a atual Autoridade Na­­cional Palestina (ANP) sente apenas terem maculado sua causa.

As tentativas de ultrapassar a fronteira na Síria, Líbano, Jor­­dâ­­nia e Faixa de Gaza deixaram 15 palestinos mortos na última se­­gunda-feira, com oficiais israelenses notoriamente confusos sobre como lidar com essa nova fase.

"A transição palestina do terrorismo e ataques suicidas para demonstrações desarmadas em massa é uma transição que representará um desafio difícil", disse o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak.

Os protestos do domingo passado foram motivados por esperanças renovadas de um Estado palestino – pelo menos como uma ideia internacionalmente aprovada com fronteiras específicas – reavivadas após anos de paralisia.

O otimismo é alimentado pe­­los esforços de reconciliação entre a milícia islâmica Hamas e o mo­­vimento pró-Ocidente Fatah de­­pois de quatro anos de cisão, as­­sim como o crescimento do apoio internacional ao plano do presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas de buscar reconhecimento na Organização das Nações Unidas (ONU) para um Estado palestino na Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental em setembro, apesar das objeções de Israel.

Embora alguns digam que um reconhecimento por parte da ONU mudaria muito pouco na prática, os protestos pró-democracia no mundo árabe incutiram um senso de possibilidade entre os palestinos, abatidos depois de dois levantes fracassados contra o governo israelense e negociações de paz frustradas nos últimos 20 anos.

Enquanto isso, a geração do Facebook está cada vez mais to­­mando a liderança na arena palestina, muitas vezes colocando de lado os veteranos políticos presos a maneiras tradicionais.

"Há uma nova energia, um novo dinamismo", disse Hanan Ashrawi, ex-negociador palestino. "Os palestinos sentem que es­­tão no mapa de novo."

As marchas do dia 15 aconteceram na mesma jornada em que os palestinos lamentaram a criação de Israel em 1948, quando centenas de milhares deles foram ex­­pulsos de suas casas e espalhados pelas região.

No aniversário, chamado de "nakba" – palavra árabe para "catástrofe" – os organizadores palestinos levaram centenas em ônibus para as fronteiras do Lí­­bano e da Síria com Israel.

Surpresos e confusos, os soldados israelenses atiraram para impedir que a multidão ultrapassasse as fronteiras.

Quatro palestinos foram mortos nas Colinas de Golã (na província síria de Qunei­­tra, território capturado por Israel em 1967) e 10 no Líbano, enquanto a 15ª pessoa foi atingida de forma fatal na fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza.

Táticas

Não está claro se as convocações para marchas no futuro vão reunir tantas pessoas uma vez que houve vítimas no dia 15 de maio.

No entanto, ativistas palestinos têm conversado nos últimos meses sobre o emprego de tais táticas na Cisjordânia, o cerne de um esperado Estado palestino.

Membros do governo palestino logo abraçaram a campanha como um pontapé para sua estratégia tripla – buscar reconhecimento da ONU, construir um Es­­tado do zero e promover protestos pacíficos.

Abbas declarou luto de três dias para os mortos do domingo e bandeiras foram hasteadas a meio mastro.

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