Eleitores de Ruanda formaram fila ainda de madrugada para participar da segunda eleição presidencial desde o genocídio de 1994. O atual presidente, Paul Kagame, é o franco favorito para a reeleição.
Analistas atribuem tal favoritismo ao crescimento e à estabilidade em uma década de governo dele, mas também à repressão contra críticos e rivais. Grupos de direitos humanos dizem que a campanha foi marcada por repressão e violência contra a oposição.
Os três rivais de Kagame, segundo analistas, são fracos e estão muito ligados ao partido governista Frente Patriótica Ruandesa. Três outros políticos independentes acusam o governo de tê-los impedido de registrar suas candidaturas.
Apesar disso, a expectativa é que vizinhos e países doadores de ajuda fiquem satisfeitos com a reeleição de Kagame. Apesar de ser uma nação pobre em recursos e sem saída para o mar, Ruanda é considerada uma estrela em ascensão para doações e investimentos na África, e Kagame é tratado como um líder visionário e um ícone africano.
Em Karembure, a 10 quilômetros da capital, Kigali, os mesários mostraram as urnas vazias antes de começar a receber os eleitores dentro de uma tenda com divisórias, às 6h15 (1h15 em Brasília).
"Acho que Kagame vai ganhar porque ele desenvolveu o país e trouxe segurança para o país inteiro", disse a jovem desempregada Floridine Umurenge, mãe de dois filhos.
"Vim votar porque é meu direito, e é o direito de todos os ruandeses. Isso mostra que há democracia. Estou aqui para votar para presidente", disse o "umudugudu" (chefe local) Emmanuel Nihizimana após votar.
Kagame assumiu a presidência em 2000, mas já governava o país na prática desde que seu Exército rebelde assumiu o poder e acabou com o massacre étnico de 800 mil tutsis e hutus moderados.
O genocídio foi causado, em parte, pela ascensão de políticos étnicos radicais, após a adoção da democracia multipartidária nessa nação centro-africana, no começo da década de 1990.
O observador eleitoral Justin Inzabimana, do partido governista, disse à Reuters que as pessoas começaram a formar filas no país inteiro desde bem antes da abertura das seções, e que a votação transcorria com tranquilidade. Outros observadores confirmaram o caráter ordeiro do pleito.
Cerca de 5,2 milhões de ruandeses estão habilitados a votar, e os doadores internacionais de ajuda esperam que o pleito, sob um novo código eleitoral, seja mais transparente do que a eleição legislativa de 2008. Mas ativistas dos direitos humanos e alguns analistas já criticaram uma suposta atmosfera proibitiva para a manifestação democrática.
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