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Um grupo de pesquisadores dos EUA anunciou ontem o sucesso de um experimento com teletransporte que, pela primeira fez, conseguiu transmitir matéria entre dois locais.

A técnica já tinha tido sucesso com o teletransporte de luz, mas um estudo na edição de hoje da revista Science, assinado por físicos da Universidade de Maryland, descreve o teletransporte de um átomo (na verdade um íon, átomo eletricamente carregado) do metal itérbio pelo espaço de um metro: uma distância enorme, em termos quânticos.

Para decepção dos fãs de ficção científica, porém, não é ainda um dispositivo como o da espaçonave da série de tevê Jornada nas Estrelas que fazia a tripulação se desmaterializar em um lugar e se materializar em outro, do nada.

O que os cientistas fizeram agora foi transportar características físicas de uma partícula de itérbio para outra, instantaneamente.

Não é pouca coisa, se considerarmos que aquilo que define a essência dos átomos que compõem as pessoas também são essas características, que os físicos chamam de "estados quânticos’’. Em teoria, é possível teletransportar um grupo maior de átomos, mas as dificuldades técnicas crescem exponencialmente com o tamanho e complexidade do objeto a ser transmitido.

A principal perspectiva de aplicação da técnica, porém, não é mesmo o transporte público. O teletransporte de átomos individuais, por enquanto, acena como um modo de armazenar e transmitir informações em computadores quânticos – máquinas com poder de cálculo imenso, que por enquanto só existem mesmo em teoria.

Com o sucesso do experimento, os cientistas já falam agora na possibilidade de criar uma "internet quântica’’. "Os íons atômicos usados no experimento servem como uma excelente "memória quântica’, para guardar informação, algo que seria difícil fazer usando apenas fótons’’, disse Steven Olmschenk, físico que liderou o experimento. "O protocolo de teletransporte que demonstramos aqui pode ser um componente vital de computadores quânticos.’’

O teletransporte de partículas foi concebido em teoria em 1993 e realizado pela primeira vez em 1997. Outro grupo dos EUA teletransportou fótons – partículas de luz – entre dois pontos. Só depois de uma década, porém, é que se conseguiria o teletransporte de uma partícula de matéria, anunciado agora por Olmschenk.

Truque

O truque por trás dos experimentos é um fenômeno que os físicos chamam de emaranhamento – uma espécie de ligação instantânea entre duas partículas que podem estar distantes. Quando uma é manipulada em um ponto, a outra imediatamente se altera também.

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