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Diferentemente do que ocorre nos países desenvolvidos, mais da metade das emissões brasileiras de gases de efeito estufa ocorre no processo de desmatamento, bem longe dos parques industriais. Por isso, tão importante quanto reduzir a poluição gerada pelas empresas é garantir que as florestas permaneçam em pé – ou se­­ja, permitir que as árvores continuem retirando gás carbônico da atmosfera e mantendo-o "estocado" em seus troncos e galhos.

Com base nessa premissa, a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) criou em 2007 o Programa Desmatamento Evitado – que pode ser enquadrado no mecanismo de redução de emissões por desmatamento e degradação (REDD). Desde então, empresas parceiras já "adotaram" 2,4 mil hectares de floresta com araucária em diferentes áreas do Paraná, que armazenam mais ou menos 270 mil toneladas de carbono. Ao adotar uma área, a empresa se compromete a repassar mensalmente ao proprietário dela, por meio da SPVS, o dinheiro para a manutenção da floresta – recurso que, simbolicamente, reconhece os "serviços ambientais" prestados por aquela área e pelo proprietário que a preserva.

Desses 2,4 mil hectares, dois terços foram adotados por clientes da HSBC Seguros. Ao fazer um "seguro verde" de automóvel, que tem o mesmo custo do seguro convencional, cada motorista adota uma área de 88 metros quadrados, suficiente para estocar quatro toneladas de carbono. Essa é, segundo a SPVS, a emissão estimada de um carro a gasolina que rode 50 quilômetros diários ao longo de um ano. No caso de seguros residenciais, a área "segurada" é de 44 metros quadrados, correspondente a um estoque de duas toneladas de carbono – mais ou menos o que "emite" anualmente uma casa que consuma 250 quilowatts de eletricidade e um botijão de gás por mês, além de gerar 2,1 quilos de lixo por dia, em média.

"É mais simples e barato manter uma floresta nativa em pé do que plantar mudas e tentar regenerar uma área degradada, o que demora décadas", diz o biólogo Denílson Cardoso, coordenador do programa da SPVS. "Evitar o desmatamento não só mantém o carbono aprisionado, longe da atmosfera, como impede que aquela área seja usada por atividades emissoras de gases de efeito estufa, como a pecuária, por exemplo."

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