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O cabo Carlos Michael Pimentel de Almeida, do 5º Batalhão de Infantaria Leve de Lorena, que voltou ao Brasil nesta sexta junto com outros 15 militares que serviam na missão de paz do Brasil no Haiti, contou como foi o período que passou no país após o terremoto de terça-feira. "Foi o pior dia da minha vida. A gente não podia fazer nada", disse em entrevista na Base Aérea de Guarulhos, pouco depois de desembarcar.

Almeida, de 23 anos e morador de Cachoeira Paulista, estava em missão no Haiti havia quase seis meses. Questionado sobre como se sente sendo um sobrevivente, o cabo disse que até agora não consegue entender muito bem o que aconteceu. "Não sei porque sobrevivi e meus amigos não. O que sentimos lá nunca vamos esquecer".

Ele disse que, na hora do terremoto, dormia na parte de cima de um beliche no terceiro andar do Forte 22, uma base de patrulhamento da missão brasileira na capital Porto Príncipe. "Estava descansando quando senti um forte tremor. Não entendi o que era. Quando vi, a laje tinha caído.

O cabo conseguiu escapar por baixo de um pedaço de laje que tinha caído sobre ele. Quando saiu do prédio, viu que os edifícios em volta tinham desmoronado. "Achei que era um atentado, mas, quando saí, vi que tudo tinha desmoronado." Almeida disse que, junto com outro colega, saiu para procurar reforços em bases brasileiras próximas porque populares já estavam na área do prédio procurando fuzis.

Baixas

De acordo com informações do Exército, dos 12 militares lotados no Forte 22, apenas quatro sobreviveram. Foi o local onde o Brasil teve mais baixas durante o tremor no Haiti. Em respeito às famílias dos militares, o cabo Almeida não quis detalhar informações sobre as condições em que os colegas morreram.

Ele disse que visitará cada uma delas assim que for liberado do Hospital Geral de São Paulo (HGeSP) no Cambuci, centro da capital, para onde será encaminhado junto com outros 15 militares que chegaram hoje. Almeida teve um pequeno corte na cabeça e escoriações nos braços.

O militar foi recebido hoje pela mãe, o pai e um irmão na Base Aérea de Guarulhos e estava muito emocionado. Sua família não quis dar entrevistas. Apesar do sofrimento, ele disse que quer voltar ao Haiti no futuro porque o país vai precisar de toda a ajuda possível.

Também desembarcaram hoje em Guarulhos vindos do Haiti o tenente-coronel Alexandre José dos Santos, o capitão Renan Rodrigues de Oliveira, o primeiro-tenente Rafael Araújo de Souza o primeiro-sargento Rômulo César de Miranda Carvalho, os terceiros-sargentos Tareck Souza de Pontes, Gilberto Emílio Marafon, Willians Mendes Pereira e Carlos Alberto da Fonseca, os cabos Eugênio Pesaresi Neto, Adriano de Barros Cavalcante, Luís Paulo das Chagas Lima e Alcibíades Orlando dos Santos Ferreira, e os soldados Daniel Coelho da Silva, Diovani de Souza Silva Thomaz e Welington Soares Magalhães.

Dois militares que deveriam ter vindo hoje optaram por ficar no Haiti. São eles o terceiro-sargento Antônio Carlos Pereira de Novaes e o fuzileiro naval sargento Mário Ubiratan Ferreira.

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