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O jornalista americano Cody Weddle, detido na manhã desta quarta-feira em Caracas, Venezuela. Foto: Reprodução / Twitter / Sindicato Nacional de Trabalhadores de Imprensa da Venezuela
O jornalista americano Cody Weddle, detido na manhã desta quarta-feira em Caracas, Venezuela. Foto: Reprodução / Twitter / Sindicato Nacional de Trabalhadores de Imprensa da Venezuela| Foto:

Forças armadas de contrainteligência militar invadiram a casa do jornalista norte-americano Cody Weddle, em Caracas, na madrugada desta quarta-feira (6), e o levaram sob custódia.

Forças do governo também capturaram o assistente de Weddle, o jornalista venezuelano Carlos Camacho. O apartamento de Camacho também foi invadido antes de sua prisão.

O paradeiro dos dois homens era desconhecido até esta tarde, de acordo com a União Nacional de Trabalhadores de Jornalismo e ONG Espacio Publico, que rastreia as violações da liberdade de expressão pelo país.

Observadores dizem que o incidente pode aumentar as tensões entre o regime do ditador Nicolás Maduro e o governo Trump, que reconhece Juan Guaidó como presidente interino e líder legítimo do país.

“Dado o estado atual das relações entre os EUA e a Venezuela, a prisão pela inteligência militar de um cidadão americano, o repórter freelance @coweddle, parece uma provocação desnecessária”, disse pelo Twitter Phil Gunson, consultor político do Crisis Group. “Quem achou que essa seria uma boa ideia”.

Weddle, de 29 anos, é jornalista freelancer em Caracas há quatro anos, produzindo conteúdo de TV e impressos para, entre outros, a ABC News, a Canadian Broadcast Corp. e o The Miami Herald.

Enquanto Maduro enfrenta o maior desafio ao seu poder desde sua ascensão em 2013, ele está cada vez mais limitando a cobertura da mídia, bloqueando sites, fechando estações de rádio, detendo e intimidando repórteres usando grupos paramilitares armados.

O incidente desta quarta-feira acontece uma semana depois que o jornalista Jorge Ramos, da emissora americana Univision, foi detido no palácio presidencial por horas e seu celular, câmeras e cartões de telefone foram levados depois de uma entrevista ele fez com Maduro, que não gostou das perguntas que foram feitas. Ramos e sua equipe foram deportados.

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Na quarta-feira, por volta das 7 horas da manhã, horário local, um grupo de dez homens armados, a maioria vestida de preto e um deles com uniforme policial investigativo, abordou o guarda de segurança do prédio da Weddle em Caracas, disse Florangel Manzo, presidente do conselho do condomínio. “Eu estava indo ao meu escritório esta manhã quando vi os homens e pedi-lhes explicações. Eles me mostraram uma ordem para invadir o apartamento 64, que pertence ao jornalista estrangeiro”, disse ela, acrescentando que a ordem veio de um tribunal militar e dizia que Weddle estava sendo acusado de “trair a nação”.

Manzo disse que os homens levaram o segurança do prédio para o apartamento como testemunha, e que eles já haviam apreendido as câmeras e os cartões de telefone do jornalista. “Um deles tinha um grande rifle e quatro deles pareciam civis”, acrescentou. Manzo foi para seu escritório, mas disse que o segurança do prédio e o zelador, que não quiseram dizer seus nomes por medo de represálias, confirmaram que viram os homens colocando Weddle dentro do carro por volta das 8 da manhã.

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No final da tarde de hoje, O Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Jornalismo confirmou que Cody Weddle e Carlos Camacho estão na sede da Direção Geral de Contrainteligência Militar, sendo interrogados.

De acordo com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Jornalismo, as detenções aumentaram este ano, com Camacho e Weddle se juntando a 34 repórteres, fotógrafos e produtores locais e internacionais detidos nos últimos dois meses. A maioria foi libertada; alguns foram deportados.

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“É uma situação grave porque aumenta a incerteza dos jornalistas e reduz suas garantias”, disse Correa, diretor do Espacio Publico. “A probabilidade de autocensura aumenta, reduzindo a cobertura adequada que interessa ao público em geral”.

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