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Presidente François Hollande: cabeça colocada à prêmio por radicais islâmicos | Toussaint Kluiters/Reuters
Presidente François Hollande: cabeça colocada à prêmio por radicais islâmicos| Foto: Toussaint Kluiters/Reuters

500 franceses ou residentes na França combatem atualmente na Síria. O perfil dos radicais está mudando.

Islã

Redes sociais são o principal canal de doutrinamento

O principal canal de doutrinação dos jovens radicais acontece hoje pelas redes sociais. Essa é a opinião de Wassim Nasr, especialista em Islamismo. "Toda a radicalização e o doutrinamento acontecem hoje nas redes sociais. Franceses que combatem enviam vídeos, imagens. Não são mais vídeos da al-Qaeda traduzidos ou dublados para o francês. Agora são franceses falando para franceses, o que torna (a mensagem) muito mais difundida" explica Nasr.

O principal erro do governo francês, segundo Nasr, é abordar o problema sob uma ótica puramente de segurança: "Para mim, isso não é um problema de delinquência, de seita, nem de psiquiatria do tipo ‘são todos uns loucos’. Tratam-se de jovens convictos. É um problema político que tem que ser tratado como tal", diz Nasr.

A França não é o único país confrontado com o fenômeno. Um crescente número de jovens do Reino Unido, da Alemanha e da Bélgica estão combatendo na Síria. Estes quatro governos se reúnem nesta quarta-feira em Londres para discutir o que fazer.

Confrontada com um número crescente de radicais dentro de seu próprio território, a França anunciou na semana um pacote de medidas para fechar o cerco e tentar impedir que franceses partam para a guerra em nome do jihad (combate pelo Islã) em lugares como Síria, Mali ou Afeganistão, terrenos férteis para o recrutamento da rede terrorista al-Qaeda. Entre as medidas, está a criação de um número de telefone onde as famílias podem alertar ou "pedir ajuda" às autoridades quando notarem a radicalização de seus filhos.

Com a cabeça do próprio presidente François Hollande recentemente colocada a prêmio por radicais islamistas, o grande medo do governo é que estes franceses voltem para a França ainda mais radicais e cometam atentados no país. Jihadistas europeus nos conflitos do mundo não são novidade. A diferença hoje é esta: o perfil destas pessoas mudou. Não são apenas franceses de origem árabe: há também franceses brancos, originários do próprio país. E o número também. Nas contas do governo francês, cerca de 500 franceses ou residentes na França combatem atualmente na Síria. "Eles (franceses) estão partindo (para a Síria) em maior número e são cada vez mais jovens", alertou o chanceler Laurent Fabius.

O plano francês, entretanto, foi demolido como "inoperante" por dois jornalistas franceses especializados no islamismo: David Thomson, autor do livro "Os franceses jihadistas", e Wassim Nasr. "É apenas um plano para tranquilizar a população. Não vai funcionar", decreta Nasr.

Thomson critica, em particular, duas medidas. Para ele, a ideia de criar um número de telefone para que famílias peçam ajuda às autoridades quando seus filhos se radicalizam parte de um princípio furado: as famílias, segundo ele "são frequentemente as últimas a saberem". E as que sabem, têm vergonha e medo de denunciar seus filhos. "O governo fala em combater sites jihadistas. Está desatualizado. Os jovens estão no Facebook."

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