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Bruno Le Maire, ministro das Finanças da França, não quer que interesses americanos acabem enfraquecendo os planos das empresas europeias | CHRISTOPHE ARCHAMBAULT/AFP
Bruno Le Maire, ministro das Finanças da França, não quer que interesses americanos acabem enfraquecendo os planos das empresas europeias| Foto: CHRISTOPHE ARCHAMBAULT/AFP

O governo francês disse nesta sexta-feira (11) que vai propor à União Europeia (UE) a criação de um mecanismo que proteja as empresas do bloco que decidam investir no Irã. A declaração é uma resposta a decisão americana de deixar o acordo nuclear com Teerã e de impor sanções não apenas ao país, mas também a companhias que façam negócios com ele, o que pode afetar diversos grupos franceses, como a petroleira Toral e as montadoras Peugeot e Renault. 

 O ministro das finanças francês, Bruno Le Maire, disse em entrevista para a rádio Europe-1 que os países europeus devem poder continuar fazendo negócios com o Irã e que os Estados Unidos não são "a polícia econômica do mundo". 

 Queremos ser vassalos que obedecem a decisões dos Estados Unidos enquanto nos seguramos na barra de nossas calças? Ou queremos dizer que temos interesses econômicos e consideramos que devemos continuar a fazer comércio com o Irã?", disse ele. 

 Le Maire sugeriu a criação de um organismo europeu que possa punir empresas estrangeiras, com poderes semelhante aos do Departamento de Justiça dos EUA. Também defendeu uma alteração nas atuais regras, de 1996, que definem os mecanismos que podem ser usados para proteger o interesse de companhias europeias no exterior. 

 O ministro não detalhou nenhuma das propostas e disse que o mais importante é uma mudança de postura do continente. "Há uma percepção em todos os países europeus de que não podemos seguir na direção que estamos hoje, na qual nos submetemos às decisões americanas". 

Sanções podem atingir empresas europeias

 Segundo as novas sanções impostas pelo presidente Donald Trump, empresas de outros países que fizerem negócios no Irã poderão ser alvos de punições e não terão acesso ao sistema bancário dos EUA. Paris disse que negocia com Washington para que suas empresas não precisem seguir essa regra, mas Le Maire disse "não ter ilusões" sobre uma resposta positiva dos EUA. 

 As declarações do francês contrastaram com as afirmações da chanceler alemã Angela Merkel, que também nesta sexta defendeu os laços entre a Europa e os Estados Unidos. "Há um caso sério, temos que dizer isso, mas existe razão para duvidarmos completamente da parceira transatlântica", disse ela, em referência aos americanos. 

Leia mais: Pela primeira vez na história, Irã ataca diretamente Israel. O que vem por aí

 Ela também disse que há questões de como o acordo nuclear com o Irã poderá ser mantido sem a participação de um "poder econômico gigante" como os EUA. 

 Por isso, diplomatas franceses, alemães e britânicos -os três países da União Europeia que participaram do acordo- devem se encontrar na próxima semana com representantes iranianos para debater quais serão os próximos passos.

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