• Carregando...
Cerca de 4,2 mil pessoas protestaram nesta quinta (29) em Paris contra a vitória da Frente Nacional na eleição para o Parlamento Europeu | REUTERS/Philippe Wojazer
Cerca de 4,2 mil pessoas protestaram nesta quinta (29) em Paris contra a vitória da Frente Nacional na eleição para o Parlamento Europeu| Foto: REUTERS/Philippe Wojazer

Milhares de jovens franceses protestaram nesta quinta-feira (29) em diversas cidades contra a vitória da Frente Nacional (FN), partido de extrema-direita, nas eleições para o Parlamento Europeu. Os manifestantes, em sua maioria estudantes secundaristas e universitários, gritaram slogans como "F de fascismo, N de nazismo", "Não à Frente do ódio" e "Primeira, segunda, terceira geração: somos todos filhos de imigrantes".

Em Paris, um número entre 4,2 mil (segundo a polícia) e 8 mil (segundo os organizadores) manifestantes compareceram à marcha, que teve edições semelhantes por todo o país, em cidades como Lyon, Toulouse, Estrasburgo e Marselha. No entanto, os números ficaram abaixo dos registrados nas eleições presidenciais de 2002, depois da chegada de Jean-Marie Le Pen, fundador da FN, ao segundo turno da eleição presidencial. Na ocasião, 1,3 milhão de pessoas saíram às ruas na França, incluindo cerca de 500 mil na capital, e o presidente Jacques Chirac foi facilmente reeleito, com mais de 80% dos votos.

2017

A inédita vitória da Frente Nacional e o declínio do Partido Socialista (PS) e da União por um Movimento Popular (UMP) colocaram uma incômoda pergunta na cabeça do eleitorado francês: é possível que Marine Le Pen, líder do partido de extrema-direita, seja a próxima presidente da França, em 2017?

A resposta ainda parece ser "provavelmente não", mas o simples fato de analistas políticos estarem considerando essa possibilidade é um indicativo das mudanças que abalaram o panorama político europeu na semana passada.

"No cenário atual, quando Marine Le Pen fala, as pessoas lhe dão ouvidos", diz Jean-Daniel Levy, do instituto de pesquisa Harris Interactive. "Eleição após eleição, ela fica mais forte."

É verdade que a FN vem crescendo com passos curtos. No entanto, seus correligionários, seus inimigos, e analistas políticos independentes parecem concordar em um ponto: algo novo está surgindo. Se em 2002, a chegada de seu pai ao segundo turno mobilizou mais de um milhão de pessoas para irem às ruas, desta vez, os protestos contra a vitória do partido nas eleições europeias não chegou nem perto desses números.

"A vitória da FN mostra que um certo sentimento racista se tornou um lugar comum na França", diz Marion Faucheux, uma assistente social de 28 anos que participou dos protestos.

Desde que herdou de seu pai o controle do partido, em 2011, Marine Le Pen, uma experiente advogada de 45 anos, transformou a imagem da FN, até então um partido associado ao antissemitismo, e buscou, passo a passo, torná-lo um partido do governo, afastando a velha guarda da FN, e combatendo declarações explícitas de racismo dentro do partido. Um ano antes de assumir a FN, no entanto, ela mesma foi acusada de incitação ao ódio racial por comparar as orações muçulmanas realizadas na rua à ocupação nazista da França.

A estratégia deu à Frente Nacional uma nova geração de apoiadores, conquistando 30% dos votos de leitores abaixo dos 35 anos nas eleições para o Parlamento Europeu, e cerca de 37% dos votos dos desempregados. E as alianças entre rivais, como a que derrotou seu pai em 2002, podem não voltar a acontecer. Nas últimas eleições municipais, a UMP rejeitou a proposta, dando à FN o controle de 11 cidades no país.

"É possível que o PS e a UMP voltem a se aliar para evitar uma vitória de Marine nas eleições de 2017? Por enquanto é muito cedo para qualquer previsão", afirma Frederic Dabi, vice-diretor do instituto de pesquisa Ifop.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]