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“A democracia tem que ser forte”, disse Hollande após ataques. | Reuters
“A democracia tem que ser forte”, disse Hollande após ataques.| Foto: Reuters

A realidade do poder e a guerra contra o terror mudaram François Hollande. De um “presidente normal” – marca da campanha que o levou ao Palácio do Eliseu, em 2012 – ele se transformou num comandante de guerra. Na sua trajetória, não há nada que ele detestasse mais do que a abordagem militarista de George W. Bush.

“A democracia tem que ser forte. Se ela não é capaz de se proteger, morre!”, disse Hollande, num discurso após os atentados terroristas da sexta-feira (13), que fez 130 mortos.

Para um líder que, no ano passado, teve o pior índice de popularidade de um presidente francês (menos de 13%), uma pesquisa divulgada depois dos atentados mostra que ele acertou: 74% dos franceses aprovam sua gestão da crise e 84% aceitam subordinar certas liberdades à segurança.

No livro “As guerras do presidente”, escrito depois dos ataques contra a revista “Charlie Hebdo”, em janeiro, o jornalista do “Le Monde”, Revault d’Allones, relata a transformação do chefe de estado. “Ele sempre recusou a relação de força direta, preferindo a arte de se esquivar e evitar”, escreveu o jornalista.

Revault d’Allones lista os homens por trás da virada militarista de Hollande. Seu ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian, o chefe de gabinete Cédric Lewandowski e o chefe do Estado Maior particular, Benoit Puga – este último, um general católico, tradicionalista, que se tornou um dos pilares da equipe do presidente.

A transformação não surpreende Elie Cohen, especialista do Centro de Pesquisas Políticas da Sciences. Dois assuntos obcecam os líderes europeus hoje, explica ele: a conjuntura econômica e o cenário internacional.

Como no campo econômico Hollande e outros líderes europeus não têm como fazer grande coisa, é na segurança que podem agir e exercer o poder, diz Cohen. Na história da França, outros homens políticos conhecidos pelo desinteresse em questões de segurança, como Georges Pompidou ou Valéry Giscard d’Estaing, também transformaram-se, recorda o analista.

“O que nos impressionou, mesmo os que conhecem Hollande há anos, foi a rapidez e a determinação com as quais ele se engajou na questão militar”, diz.

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